Tenho e mente que 2015 foi o ano mais estranho da minha vida. Tipo, estranho de diferente. Pensa, não precisei acordar 5:50 pra me arrumar em trinta minutos e sair correndo pro transporte me levar pra escola em outra cidade. Nada de sentir aquela pressão pra ser normal o dia todo, nada de comer comida fria no almoço, nada de passar calor e usar um tênis claustrofóbico (pros meus pés) o dia todo. Daí que descobri também que odeio calça jeans e usei pijama o ano todo. Tá, isso pareceu horrivelmente preguiçoso mas, tenho em mente que, se tivesse ido pro cursinho, seria 3x mais deprimente e eu não estudaria de qualquer forma. Trabalhar não era uma opção porque 1) crise no país, 2) experiência zero, 3) desenvoltura para lidar com o mundo nenhuma.
E depois de tudo isso também descobri que essa pressão é toda da minha cabeça. Claro que alguém botou isso lá (alguéns), mas aprendi a me desvencilhar disso um pouco. Descobrir estilo pessoal deveria ser aula básica nas escolas. Imagina o estresse e o sentimento de deslocamento de não ter personalidade - ou não saber que tem. É um impedimento que me fazia esquecer o resto do mundo e ficar me corrigindo o tempo todo até descobrir que não tem lado certo.
Segui uma ideia e logo em seguida bati de cara na parede. Peguei virose uma vez e intoxicação alimentar por comer melancia depois do jantar. Um ano sem gripe. Admirei meus pais, fui ao mercado quase todos os domingos - fiz amiguinhos por lá -, tive Natal e Ano Novo de verdade, em dois lugares diferentes. Acreditei, fiz uma aula de baralho. Me desvencilhei do miojo, refrigerante e posso dizer que, com certeza, não vou ficar desnutrida pela dieta composta de macarrão de alho e óleo e macarrão com molho de tomate industrializado. Andei por aí. Experimentei dias deprimentes, a saudade, a conquista, a alegria, a solidão e a solitude. Cortei minha própria franja, me descobri fangirl e dei uns pulos no inglês. Abracei muitas pessoas, assisti um espetáculo de dança. Tirei selfies a beça - que ninguém viu. Fui trabalhar com meu pai. Usei saias. Acompanhei minha mãe nos ensaios. Comecei a dormir com tampões de ouvido. Perdi a achei a noção do tempo. Fiz 18 e descobri que escrever é o que é.
E depois de toda essa encheção de linguiça eu percebi uma das coisas mais óbvias - que o passado só pode ser lembrado e o presente pode ser vivido.
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