25 janeiro 2017

Minha cabeça dói consideravelmente

A noite quente traz baratas peçonhentas pro quintal; mal sabem elas que este é justamente o MEU território nas noite de verão. ESTEJAM AVISADAS: ESTOU ARMADA COM UM ALL STAR BRANCO.

Minha cabeça dói consideravelmente - o que acontece quase todas as vezes que vou pro centro da cidade - e isso me faz pensar seriamente sobre a qualidade da vida que estou levando durante essas férias. As vezes me esqueço de comer por tanto tempo que, pelo costume, uma ervilha já me deixaria satisfeita por horas. Eu sei que é esquisitíssimo esquecer algo assim, mas... é o que acontece.

Hoje, experimentei udon; matei a vontade depois de tanto ver uma personagem de uma série ~ que eu não me lembro o nome ~ trabalhando em um restaurante especializado nisso.  Minhas impressões; melhor que miojo de pacotinho (obviamente), esquenta até a alma e comer é uma aventura a parte. 

Hoje experimentei UberPool (promoção do aniversário de SP): UBER compartilhado com outras duas pessoas; ideia maravilhosa. Minhas sinceras desculpas ao motorista que tentou ser simpático e eu cortei o papo dele sem querer.

Sentimentos mais profundos não estão tão acessíveis no momento; talvez seja porque a noite não é um dos meus melhores horários, mas tentarei buscá-lós. 

Minha consciência pesa um pouco por estar sendo tão desleixada. O tempo livre deveria servir pra fazer grandes descobertas e começar novos projetos, mas tudo o que eu fiz foi descansar um cansaço inexistente - e com isso ficar cansada de tanto descansar. É algo que não me deixa orgulhosa; acho que me acomodei demais.

Minha cabeça dói consideravelmente. Apesar do ócio extremo, fiz coisas que nunca teria feito se estivesse em outro momento da vida; investi sutilmente no aspecto social dela, fazendo jornadas surpreendentemente inovadoras. Decidi deixar de me intitular TROUXA e começar a impor todos os aspectos da personalidade que tenho.

Percebi que minha inocência é maior do que eu imaginava. Por que passei tanto tempo tentando me esconder enquanto tantos outros tentavam um lugar ao sol? Algo que não entendo sobre mim. Talvez nunca entenda essa parte do meu DNA. 

Percebi que minhas inseguranças são maiores do que eu imaginava e, recentemente, mudaram de foco. Uma parte de mim diz: "foda-se esta porra", outra diz "preciso mudar isso urgentemente" e outra "nada vai mudar, será sempre uma bela bosta".

Ser feliz vem com um pacote de inseguranças. Comê-las-ei e plena serei.

15 dezembro 2016

15/12/2016

Hoje é o primeiro dia de férias.
Aconteceram eventos inimagináveis na história da minha vida no ano de 2016.  Terminei 2015 com aquele ar de "TENHO QUE REAGIR À VIDA", deixei minha zona de conforto e fiz uma viagem pra Campo Grande, algo que havia prometido não fazer com todas as forças. Depois fui pra Mogi. E então passei metade de um ano sem memórias (porque nada consigo lembrar nada daquele tempo).
Prestei vestibular em julho, lembro que pensei "nossa, esse povo é de exatas", porque ninguém tinha comida por perto e eu estava doida pra comer meus lanchinhos. Passou rápido, gabaritei Matemática e História. No caminho pra encontrar meu pai fora do prédio, olhei ao meu redor e pensei: "Será que é aqui que vou estudar todos os dias?" Na hora da correção os resultados foram promissores e imediatamente senti um grande peso sair das minhas costas. Êxtase e vontade de criar; sempre sinto isso quando algo grande acaba e finalmente posso me ver livre.

Tempos sem escrever, habilidades enferrujadas; são meses sem falar besteiras. Como consegui?

Lembro que me deslocar no dia da inscrição com minha mãe me fez pensar se iria aguentar fazer aquilo sozinha todos os dias. Fiz a inscrição com cautela, mesmo assim confiante pelo meu futuro. No primeiro dia a aula da Cristina me fez temer a vida universitária. Ninguém se falou nos primeiros dias, mas as panelas já estavam próximas a se formar e a tornarem-se quase que indestrutíveis. Foi difícil fazer contato e ainda sinto que estou deslocada mas, nesse meio tempo, percebi que minha capacidade de comunicação é maior do que eu imaginava.

Apresentei dois seminários, aliás. O primeiro de Redes foi uma vergonha, esqueci quase tudo o que tinha que falar e saí da frente da sala com uma sensação terrível. Reclamando pras pessoas percebi que todas do grupo tinham ido meio mal e, afinal, são experiências.
O segundo, sobre o Grupo Pão de Açúcar, começamos uma semana antes do dia da apresentação e tudo o que eu queria naquele momento era desistir. Desistir do curso, do seminário; nada daquilo mais fazia sentido. Conforme o trabalho foi terminando, comecei a aceitar a ideia de ter que apresentar de novo.
Comecei o dia com postura, tendo a atitude que eu precisaria mais tarde. Dei meu whatsapp pra um completo estranho e incorporei minha versão mais determinada. O ambiente - silencioso, sem microfone e o pensamento de estar falando somente para o professor, com as pessoas apenas de figurantes (realmente estavam, uma vez que é tão fácil dormir durante esses seminários) me deixou mais confiante. Entrei para falar quase no final da apresentação com voz trêmula mas atitude de poder e, conforme despejava tudo que estava na mente depois de tanta pesquisa, via a cara do professor - que minutos antes quase tinha caído no sono -, olhar em meus olhos e acenar como quem diz "vai em frente", alternando com momentos de leitura do relatório impresso que ele tinha em mãos. Pensei:

Ou esse cara tá tentando me ajudar porque minha voz tá trêmula de nervoso;

Ou eu tô falando várias merdas ele vai me dar uns esporros depois.

Acabou que ele fez algumas perguntas sobre o Procon e as dívidas do grupo Casino (essas eu não soube responder e dei umas enroladas) e deu seguimento às próximas falas. Quando terminamos, ele nos encurralou perguntando onde estava o relatório - QUE FOI BASE PARA A APRESENTAÇÃO INTEIRA - na bibliografia. E então disse que tínhamos falado mal da concorrência (EU) e faltava autocrítica. E gostou da menção aos mercados atacadistas. "Vocês falaram muito em nome da empresa".

O momento passou mas, como sempre, meu coração continuou ligado àquele momento, tentando desesperadamente me desculpar pela falta das respostas que ele tinha pedido, mas mantive a cabeça erguida e simplesmente me despedi e fui embora.

Ontem descobri que tive a maior nota do grupo. Tão feliz. Finalmente algo em que consegui mostrar ação - os meus maiores medos estão se tornando minhas maiores paixões.

26 novembro 2016

26/11/2016

Perdi o costume de escrever, então digitar isso aqui pode ser um pouco difícil.

Passei em Comunicação e Expressão e Sistemas de Informação, tirei uma nota inesperadamente azul na P1 de Administração Geral (devo isso à fabulosa habilidade de encheção de linguiça que desenvolvi durante os anos, porque não estudei nada além de um resumão numa folhinha), apresentei um seminário de SI em que entrei em pânico e quis enfiar a cara na terra depois, levei dois bolos quando tentei cabular os seminários pra ir pra Paulista, experimentei um amor que eu nem sabia que poderia e no fim acabei concluindo que realmente não posso. Pessoas são estranhas. Eu sou muito estranha.

Hoje é um dos sábados em que me permiti acordar às 7 da manhã, enfiar roupas de molho num balde e estender no varal os panos de cama e travesseiros que uso - já que minha narina esquerda acordou entupida, meus olhos ardendo e minha cabeça doendo: sinal que algo de errado não está certo.

Vários pensamentos sobre minha imagem física têm surgido, trazido várias paranoias, me feito passar mais tempo em frente ao espelho. No fim (apesar de eu ter certeza de que esse é só o começo), só quero poder dar risada e fazer os outros rirem. O resto é lucro.

Estou passando mais tempo do que gostaria em frente ao computador.
Estou postergando meus momentos de lazer.
Estou tratando computador como diversão, mas, a partir desse momento, é trabalho.





11 novembro 2016

12/11 ~ 19/11

  • Algo que ouvi:
M.I.A. - Matangi (álbum)
M.I.A. - Y.A.L.A. 
M.I.A. - Come Walk With Me
  • Algo que assisti:
Steven Universe - S01E01
Greys Anatomy - S11E06~07
  • Algo que cozinhei:
Macarrão parafuso com molho, macarrão parafuso com salsinha.

  • Algo que experimentei:
oLeite com farinha de milho


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Me sinto amada. Passei tanto tempo sem escrever porque muito estava acontecendo - aqueles minutinhos depois da hora de dormir que usei pra conversar me deixaram cansada, o que me fez tirar uma soneca da tarde e assim sucessivamente, até que todo esse período tenha ficado sem relatos.
Tenho trabalhos da faculdade a fazer, mas só consigo pensar em outras áreas da minha vida - em como me relacionar com as pessoas ao meu redor, em como deixar as inseguranças de lado. Acredito completamente que, se eu conseguir desenvolver essas áreas, todas as outras ficarão mais fáceis de lidar.

É intenso conviver com pessoas que amamos; temos dias eufóricos e dias melancólicos. Tudo me ensina sobre o que realmente importa e o quão insignificantes são as pequenas preocupações.

Sinto que é tempo de aprender a conciliar essas áreas. Já fiz um bom progresso e é hora de dar um passo a frente.

29 outubro 2016

Manhã

Nada é mais como no Ensino Médio e nada é mais como no ano passado. Nos tempos de escola, acordar costumava ser uma tarefa estressante - principalmente no último ano, quando a pressão que o tempo fazia era intensa e eu chegava a ter sonhos comigo perdendo a hora e, consequentemente, a condução. Quando acabou, minhas manhãs passaram a ter horários livres (apesar de nem sempre desregulados) e meu sono costumava ser uma das últimas preocupações possíveis.

Nos últimos três meses, o despertador do celular tem tocado às 05:15. 

Abro os olhos, passo alguns segundos lembrando de pessoas e momentos que me deixaram feliz nos últimos dias e então vou direto pro quarto do meu pai, onde tem um espelho enorme no qual eu consigo um reflexo dos pés à cabeça - o que, convenhamos, não é muito difícil para quem tem 1,55 de altura. Pego um pente na prateleira e curvo as pontas do cabelo para dentro, para que ele não fique esvoaçado pelo resto do dia. A essa hora, papai já está acordado, fez café e agora reclama e procura pela casa o que fazer. 

Enxáguo a boca e lavo o rosto, pensando no que vou vestir hoje: quais roupas eu já usei essa semana? Quais estão limpas?. Pego o celular, levo até à janela da sala - onde tem alcance do wi-fi - procuro por "clima" no Google e checo a máxima temperatura por volta das 12h. Droga. 30ºC. 

Passo pela cozinha observando na mesa o que vou pegar para comer correndo e nela tem pães. Pães por todos os lados, nada mais que pães. Pão doce, pão francês, pão sovado. Entro no quarto e procuro uma calça jeans, uma camiseta, um casaco e um par de meias. Dentro do banheiro, visto tudo relativamente rápido e coloco o par de meias na janela da sala, porque é lá que estão os all stars brancos que eu vou usar hoje.

Lavo as mãos, pego um pedaço de um pão qualquer e como enquanto checo e respondo as mensagens do dia anterior. Papai me apressa, acrescenta cinco minutos à hora que marca no relógio analógico da parede da cozinha e eu revido, corrigindo o horário. Dentro da minha cabeça, no entanto, surge um senso de urgência e começo a verificar os itens principais; coloco cinco reais no bolso direito da calça, dez no bolso esquerdo, a chave de casa no bolso do casaco, vejo se na mochila tem o livro que devo à biblioteca, o livro para ler no metrô, a apostila de português, o caderninho, o estojo, a garrafa d'água cheia pela metade, a carteira com dinheiro, a carteirinha de estudante, o bilhete único e o guarda-chuva. 

Escovo os dentes, passo protetor solar no meu rosto que está ressecado de tanto dormir virada para o lado direito da cama e termino com um pouco de batom quase rosa porém vermelho que raptei ainda novo das bagunças da minha mãe. Passo pela prateleira com perfumes, pulo aquele que tem cheiro de armário de vó e escolho o único que gosto porque, apesar de não ser meu costume, ajuda, de alguma forma, a me sentir confiante.

Então já são 6:00 e é tempo de partir. Coloco os sapatos o mais rápido possível, a bolsa nas costas, faço uma cama improvisada para cada uma das cachorras, fecho a porta e desço as escadas correndo.

O caminho até o ponto é feito em iluminação precária, salvo pela luz da enorme lua cheia. Corremos, meu pai e eu, pela subida íngreme e esperamos os carros nos darem uma trégua até ser possível atravessar a rua. Esse lugar devia ter uma faixa de pedestres. Ao lado, os carros na rodovia em sentido contrário ao que estamos andando fazem o vento confrontar nossos rostos e cabelos, até que finalmente chegamos ao ponto, que está totalmente vazio.

Ônibus passam o tempo todo, mas só às 6:10 aquele que eu pego chega e então eu aceno para meu pai e dou o sinal para o motorista parar. Digo "Bom dia" com um breve sorriso, procuro um espaço livre para me encaixar sem ter problemas com equilíbrio e coloco o bilhete no bolso mais próximo. São quase trinta minutos em que penso novamente nos bons momentos que têm acontecido, no que fazer com o tempo livre, observo a paisagem que não mudou quase nada desde a primeira vez em que fiz esse trajeto e, com olhares furtivos, leio conversas de whatsapp alheias, observo as músicas em suas playlists e as notícias em suas timelines do Facebook.

Perto do terminal, me movimento com intenções de passar a catraca e o faço assim que paramos. Desço e, na caminhada até a escada que leva ao metrô, indianos, haitianos e brasileiros oferecem balas e acessórios para celular. Tem muitos passageiros fazendo o mesmo caminho que eu agora: dos seus respectivos ônibus até a entrada da estação.

Olho ao redor, procuro por alguém conhecido (para ter tempo de fugir), desço as escadas rolantes pelo lado direito, onde posso ficar parada. Ainda tem um espaço até a passagem e dá pra ver ao redor a fila para comprar bilhetes e pessoas fazendo o sentido contrário, chegando no terminal. Encosto o bilhete na catraca e duas luzes acendem: uma vermelha e uma verde. "Passe Livre".

Outras três escadas. Duas rolantes e uma normal, que é atalho aos primeiros vagões, em que dá pra ver os trilhos, já que nessa linha não tem condutor e tem menos pessoas do que nos do meio. Já tem um amontoado de gente na frente dos dois lados plataformas de embarque, então escolho a segunda, porque sei que lá tenho mais chances de conseguir um banco branco vazio, já que os cinzas são preferenciais. 

Quando as portas se abrem com um apito, todos que vêm do centro saem e então podemos entrar - nos primeiros segundos, é como uma dança das cadeiras gigante. A diferença de uma brincadeira é que não tem música e muitos dos participantes estão infelizes, cansados; quase ninguém conversa, a não ser com seus próprios celulares.

Um novo apito e estamos em movimento. Cada um, sentado ou em pé, acha um jeito de passar o curto tempo de deslocamento diário - com livros, celulares, tablets, simplesmente olhando pro nada ou, minha distração favorita, observando os trilhos. A mensagem gravada transmite avisos de como se portar nas estações e sobre o trajeto, enquanto um fluxo de pessoas entra e sai dos vagões.

No fim da linha, é a minha vez de descer. Passo os olhos nas máquinas que vendem bebidas, acessórios para celular, doces, pipoca e até livros. Me distraio observando os títulos e tomo cuidado para não esbarrar em ninguém, enquanto encaro mais um imenso lance de escadas. A normal tem menos gente e com certeza vai me deixar cansada, mas a rolante é lotada e não traz esforço nenhum. Escolho a mais fácil e prometo a mim mesma que da próxima vez a escolha será diferente. 

Levam alguns poucos minutos até chegar na plataforma e o processo de repete: escolher uma lugar conveniente (na frente da lixeira, onde a porta que dá bem de frente pra escada para), entrar, uma estação, sair, escada, catraca, escada. 

E barraquinhas vendendo café da manhã surgem, a Avenida, a igreja que sempre toca seu sino na hora errada, aquela árvore engraçada que tem o tronco trançado, as revistas da banca de jornal que sempre olho com desejo mas nunca compro. Eu vejo os bolivianos de bicicleta levando seus filhos pra escola e aquela senhora que cata lixo do lado da faculdade sorrindo, um sorriso infinito.

Mostro a carteirinha com meu nome aos porteiros, um bom dia a eles e o cenário muda completamente: agora são só prédios, alunos, professores. Vou pra sala, cumprimento conhecidos e espero nos corredores a aula começar.

28 outubro 2016

28/10/2016

Tantos dias sem escrever por quê... não sei.
Tenho tentado deixar de fingir e ser mais natural e sincera possível comigo e com aqueles que estão ao meu redor. Daí percebi algo: sou trouxa. Claro que eu já desconfiava, mas agora tenho provas e meu julgamento foi sentenciado.

Nos meus anos de fundamental, as crises existenciais foram tão fortes que eu reprimi e posterguei a descoberta da minha personalidade. Anos de solidão e solitude mais tarde serviram pra que eu a construísse e descobrisse fatos sobre minhas capacidades que eu nunca havia sequer desconfiado. Mas o fato é que, nesse meio tempo, escolhi errado as pessoas a quem me importar e dedicar meu tempo. Os únicos que pareciam realmente interessados em falar comigo eu ignorei - talvez por pensar "quem diachos iria querer falar comigo se ninguém mais quer?". Acreditei nos meus pensamentos por anos, até entender o quão idiota eu fui.

Aquela frase que ouvi do meu professor de redação nunca fez tanto sentido:
"Se você nunca está satisfeita, as pessoas se cansam."

NA 
HORA
DE
PARAR
DE
SER
TROUXA

Ser recíproca. Dar para as pessoas aquilo que elas te dão - se dão carinho, dê carinho. Se dão desprezo, ignore-as. Ignore-as e continue a vida, sem dar motivos pra que te odeiem e ter a consciência tranquila