15 dezembro 2016

15/12/2016

Hoje é o primeiro dia de férias.
Aconteceram eventos inimagináveis na história da minha vida no ano de 2016.  Terminei 2015 com aquele ar de "TENHO QUE REAGIR À VIDA", deixei minha zona de conforto e fiz uma viagem pra Campo Grande, algo que havia prometido não fazer com todas as forças. Depois fui pra Mogi. E então passei metade de um ano sem memórias (porque nada consigo lembrar nada daquele tempo).
Prestei vestibular em julho, lembro que pensei "nossa, esse povo é de exatas", porque ninguém tinha comida por perto e eu estava doida pra comer meus lanchinhos. Passou rápido, gabaritei Matemática e História. No caminho pra encontrar meu pai fora do prédio, olhei ao meu redor e pensei: "Será que é aqui que vou estudar todos os dias?" Na hora da correção os resultados foram promissores e imediatamente senti um grande peso sair das minhas costas. Êxtase e vontade de criar; sempre sinto isso quando algo grande acaba e finalmente posso me ver livre.

Tempos sem escrever, habilidades enferrujadas; são meses sem falar besteiras. Como consegui?

Lembro que me deslocar no dia da inscrição com minha mãe me fez pensar se iria aguentar fazer aquilo sozinha todos os dias. Fiz a inscrição com cautela, mesmo assim confiante pelo meu futuro. No primeiro dia a aula da Cristina me fez temer a vida universitária. Ninguém se falou nos primeiros dias, mas as panelas já estavam próximas a se formar e a tornarem-se quase que indestrutíveis. Foi difícil fazer contato e ainda sinto que estou deslocada mas, nesse meio tempo, percebi que minha capacidade de comunicação é maior do que eu imaginava.

Apresentei dois seminários, aliás. O primeiro de Redes foi uma vergonha, esqueci quase tudo o que tinha que falar e saí da frente da sala com uma sensação terrível. Reclamando pras pessoas percebi que todas do grupo tinham ido meio mal e, afinal, são experiências.
O segundo, sobre o Grupo Pão de Açúcar, começamos uma semana antes do dia da apresentação e tudo o que eu queria naquele momento era desistir. Desistir do curso, do seminário; nada daquilo mais fazia sentido. Conforme o trabalho foi terminando, comecei a aceitar a ideia de ter que apresentar de novo.
Comecei o dia com postura, tendo a atitude que eu precisaria mais tarde. Dei meu whatsapp pra um completo estranho e incorporei minha versão mais determinada. O ambiente - silencioso, sem microfone e o pensamento de estar falando somente para o professor, com as pessoas apenas de figurantes (realmente estavam, uma vez que é tão fácil dormir durante esses seminários) me deixou mais confiante. Entrei para falar quase no final da apresentação com voz trêmula mas atitude de poder e, conforme despejava tudo que estava na mente depois de tanta pesquisa, via a cara do professor - que minutos antes quase tinha caído no sono -, olhar em meus olhos e acenar como quem diz "vai em frente", alternando com momentos de leitura do relatório impresso que ele tinha em mãos. Pensei:

Ou esse cara tá tentando me ajudar porque minha voz tá trêmula de nervoso;

Ou eu tô falando várias merdas ele vai me dar uns esporros depois.

Acabou que ele fez algumas perguntas sobre o Procon e as dívidas do grupo Casino (essas eu não soube responder e dei umas enroladas) e deu seguimento às próximas falas. Quando terminamos, ele nos encurralou perguntando onde estava o relatório - QUE FOI BASE PARA A APRESENTAÇÃO INTEIRA - na bibliografia. E então disse que tínhamos falado mal da concorrência (EU) e faltava autocrítica. E gostou da menção aos mercados atacadistas. "Vocês falaram muito em nome da empresa".

O momento passou mas, como sempre, meu coração continuou ligado àquele momento, tentando desesperadamente me desculpar pela falta das respostas que ele tinha pedido, mas mantive a cabeça erguida e simplesmente me despedi e fui embora.

Ontem descobri que tive a maior nota do grupo. Tão feliz. Finalmente algo em que consegui mostrar ação - os meus maiores medos estão se tornando minhas maiores paixões.

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