Coisas estranhas têm acontecido.
Pra começar, não gosto de detalhar situações que aconteceram comigo porque minha visão de mundo é completamente influenciada pelo que eu tenho visto durante toda minha vida, mas isso é um diário e extensão da minha mente, então, vejamos:
Quase todos os dias pego o mesmo ônibus, com o mesmo motorista, às 6:10 da manhã. Falo bom dia - acho um gesto tão legal no meio do caos que é o transporte público de São Paulo -, e encosto na parte da frente, porque o destino demora um pouco pelo trânsito, e a parte de trás é geralmente bem cheia; nessa posição consigo ouvir as conversas do motorista com as pessoas, que devem enfrentar essa mesma situação com frequência.
Foi um momento super estranho quando ouvi "você não passaria seu whatsapp, não?"
Não sei, cara.
Não sei.
Não acho que tenha sido por maldade, porém foi estranho.
Não acho que tenha sido por maldade, porém foi estranho.
Mas tá, essa só foi a ponta do iceberg da aventura que é andar sozinha por aí e passar por tanta gente em um período tão curto de tempo.
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Tinha um moço sentado do meu lado. Parecia falar algumas palavras consigo mesmo. Ele disse que precisava ir pra Cotia, perguntou se eu tinha dois reais pra completar o dinheiro da condução.
Pensei bastante sobre isso: ele era enorme, podia escolher roubar facilmente. Então peguei uma moeda de um real e observei.
Pediu para várias pessoas. Falou com os guardas e com a uma criança como se já conhecesse todos eles. Passei e deixei a moeda em sua mão.
"Obrigado amiga"
Pensei: "comprei a fé de alguém na humanidade com um real". Será?
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E pra completar esse combo, ainda falei com mais duas pessoas na Fatec. Por que eu só falo com asiáticos? Não é por escolha própria, é um instinto. Sei lá. Ocidentais não parecem querer manter contato. Talvez porque não tenhamos muito em comum.
Fico assustada quando as pessoas me dão atenção. Olham nos meus olhos. Querem ouvir o que eu falo. Durante toda minha vida eu fui meio que ignorada pelas pessoas, tratada como uma peça extra no quebra-cabeças de uma pessoa que nunca perdia as principais. É incrível e ao mesmo tempo desesperador; como evitar falar clichês, como argumentar com relevância, como não ser uma vaca insensível?
No meio das conversas as vezes me ausento: olho pros lados, tusso, finjo querer espirrar, olhar as paredes. Constantemente loca. Ansiosa. Introvertida.
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