Aquele ônibus parecia que não iria chegar nunca.
Acordei como quem se arrependeu tremendamente de ter escolhido um curso matutino. Fiquei em dúvida sobre o que vestir até o último minuto, quando coloquei as blusas que achei apropriadas ao clima e que tinham uma neutralidade de cor incrível - calça jeans, all star branco, blusa cinza e casaco preto.
Papai me levou até o ponto e entrei num ônibus sozinha pela primeira vez - com o cu na mão, sem saber onde descer. O cara me deu troco errado (duas moedas de 5 ao invés de duas de 10) e eu não tive estabilidade emocional pra reclamar, então me sentei e fiquei olhando atenta pela janela, com a cara de blasé cansada que todos fazem no transporte público.
Para minha felicidade, um punhado de pessoas iriam pro metrô também, então me toquei na hora e as acompanhei. No metrô, fiquei na fila pra pegar os bilhetes e tinha uma nota de R$20 na mão, então pedi cinco e esperei o troco de um real. Só que a moça me deu várias moedas (que totalizavam uns três reais) e eu saí andando, atordoada, me perguntando QUE DIABOS AQUELA MULHER TINHA ENTENDIDO COM MEUS CINCO DEDOS LEVANTADOS.
A confusão se deu por ter dois bilhetes grudados, então pensei que ela tinha se confundido e me vendido três e dado o troco errado. Mas não. Botei dois bilhetes grudados na catraca e nada acontecia. Troquei de catraca. Botei os dois de novo. Nada aconteceu. Então dei uma de barata tonta, separei um e passei. Encostei num canto, joguei tudo na bolsa e segui o fluxo, rumo ao sucesso.
Foi tranquilo o primeiro trajeto (apesar de eu achar que dei muita volta pra chegar ao metrô) e, tirando o fato de que eu caí em cima de uma mulher depois da baldeação, tudo correu bem.
Percebi que os arredores da faculdade são bem mais animados de dia de semana - várias barraquinhas de comida, banca de jornal, ponto de ônibus. Assinei meu nome na portaria e fiquei aguardando, olhando formigas, completando livrinho de raciocínio lógico, construindo relações mentais e, finalmente, peguei minha carteirinha e entrei no anfiteatro.
Uma menina perdida na porta também estava perdida como eu, então sentamos lado a lado. Nenhuma conversa floresceu, provavelmente porque ela também tava com receios dessa nova vida.
A palestra foi loonga, falaram várias coisas que provavelmente ninguém vai se lembrar e, no fim, fizemos um mini tour na faculdade e tivemos uma "aula inaugural".
Coisas que me chamaram atenção:
A partir do segundo semestre, aulas de inglês;
Trote solidário, 1kg de alimento;
Programas da Microsoft;
Carteirinha e biblioteca.
A volta foi tranquila, apesar de eu ficar tentando forçar a catraca antes do cara liberar com o bilhete único - força do hábito de quem usava ônibus antes disso existir.
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