30 dezembro 2015

Tempo presente

Em meus períodos de isolação do mundo, as vezes chego a pensar que, conforme a idade passa, todos se afastam - como Gregor Samsa em sua metamorfose, quando até mesmo sua família começa a rejeitar aquela condição transformadora de sua imagem. 

Quando se é jovem e inocente, as pessoas brotam em busca de uma influência e significância pessoal na vida de um corpo novo em folha; o que o senso comum acorda que não é possível quando se "passa do ponto". Um pouco triste quando se dá conta de que o presente é o único momento em que é possível produzir significado.

29 dezembro 2015

Uma rápida contextualização de voo

A emoção do lugar gigante com pássaros de ferro e a subida de escadinha empolgante.

Primeiro, parece um carro de bois. Depois, o elevador do Willy Wonka. Você sente uma paz (e não a claustrofobia de um elevador) e logo parece o metrô mais rápido do mundo com filmes tranquilos na janela pra você não perceber que está a 800 km/h, 11 mil metros do solo.

As mulheres com uniforme e bem maquiadas, com direito a coque no cabelo e um chapéu que não parece muito bem assentado em suas cabeças, distribuem fones pretos, gestos com instruções, um lugar pra colocar lixo e lanches, de maneira simpática e organizada.  A TV no encosto da poltrona da frente mostra mais variedade de noite pra viagem mais comprida e rápida da sua vida.

22 dezembro 2015

How to get away with the blame

Em vários pontos dessa estrada chamada vida tem poças de leite que ninguém vai beber.

Você vai tentar culpar a gravidade, porque ela te pregou uma peça, ou a droga da pavimentação mal feita do asfalto. Talvez realmente eles tenham influenciado no acontecimento que agora faz peso na consciência, mas se comprometer a carregar tal quantia de leite em um planeta com cuja gravidade afeta justamente aquele caminho... são riscos que tem de ser corridos. Afinal, todas aquelas outras estradas vão se desgastar ora ou outra. 

Se não puder recolher sem derrubar mais, cuide do leite que restou e siga em frente.

17 dezembro 2015

A mulher na aranha o cachorro na mosca e a velha a fiar

Os dias antes de um acontecimento notável passam como se seu cérebro tivesse recebido uma injeção de anestésico, porque é difícil pensar em outra coisa e porque é difícil fazer algo aleatório sem dar uma pensadinha básica sobre como vai ser esse tal momento. Cá tenho eu refletido sobre como os próximos dias serão, uma vez que dia 21 eu recebo meu resultado da primeira fase do vestibular e logo no dia 23 vou estar em uma aventura eletrizante que é sair da cidade em uma lata que voa.

Pausa para quem acabou de quase cair da cadeira. 

Duas vezes.

Apesar do meu cérebro dizer que está cansado de ouvir sons em volumes absurdos no meio da rua que fazem propaganda de uma tal de "COCA-SOLA DE CHOCOLATE", continuo firme e forte digitando todas as palavras que aparecem em minha mente.

Eu
Vulcânica
Bjork
Tavi Gevinson
Lorde
SIA
David Guetta????
Gigi da Pomerânia??????
Feira
Tomate
Morangos Orgânicos
Francine Do Campo a Mesa
Galinhas
Ovos de granja
Tia
Cabelos cacheados
Mamai
Dourado
Peixe
Aquário
Jo
Ração
Cachorro
Gato
Rato
Velha a fiar
Japão
Eu

Três vezes.

Use protetor solar nos teus gatos




A minha versão de vida boêmia inclui pijamas largos rasgados (com todo bom charme de um belo rasgo, é claro), carência de sapatos e a playlist da Glória, além de um anel de joaninha no dedo indicador da mão esquerda.

Próxima semana vou deixar essa cidade grande pakas pra visitar um destino há muito conhecido, nos confins do Mato Grosso do Sul. Uma das partes mais gostosas das viagens de uma pessoa ansiosa, se me permite dizer, é aquela em que você tem de escolher as tranqueiras essenciais e então compactá-las de um jeito mágico - é nessas horas que todos sentimos carência de Marie Kondo em nossas vidas.
Cada põe-tira que acontece sempre que sobra algo essencial e falta espaço pode resultar em um momento mágico em que TUDO CABE. Você tem certeza que na hora de voltar não vai caber maaaaaaassss QUEMMMMMM LIGAAA.

Esse ano ainda cometi um equívoco terrível, veja bem: uma moça disse que "a depilação a lazer é a libertação da mulér" e eu sempre pensei que nascíamos livres. A gente cresce e descobre que tem uma caralhada de coisas que é esperado que façamos - se livra desses pelos, se livra dessa gordura, se livra dessas celulite, se livra dessas estria, bota um bojo, credo menina com espinha, credo menina com roupa larga, credo credo credo. Tem uma linha PSICOLOGICAMENTE tênue entre o que nos sentimos bem fazendo e o que nos sentimos obrigados a fazer porque não queremos ser a velhinha dos gatos, mas você só vira a velhinha dos gatos se for velhinha e gostar muito de gatos. É ótimo gostar de gatos.

Parece até que ser livre agora requer esforço e dinheiro, eu em.


 

09 dezembro 2015

Contentamento descontente

Woman in Bed (1941) by Irving Penn
Existe uma sensação estranhíssima que acontece quando você lê um troço ali e de repente aquilo se incorpora tão bem nas tuas experiências passadas que te faz capaz de começar a identificar e dar nomes aos bois do teu pretérito. Dai da pra começar a pensar quantas informações foram perdidas por aí pelo tempo só porque a gente teve a coragem de ignorar tantos bons pensamentos que pareciam na hora tão sofridos ou supérfluos - nem funciona tentar esquecer, porque eles vão sempre estar na memória de longo prazo e, quem sabe, virar mágoa e ficar povoando o corpo da gente.

Bem sábios da química espalham "Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma" e "A natureza somos nozes", o que pode simplesmente construir uma conexão empírica que deixaria qualquer cientista muito louco: seja como Camões, transforme suas dores em arte. Como mais elas se extinguiriam, afinal? Com conselhos? Pffffff.

Ps.Qualquer dor mencionada neste texto não tem relação com dores físicas. Em caso de contusões, queimaduras e afins, chame o chamu dirija-se ao hospital mais próximo.






07 dezembro 2015

Cérebros de açúcar

Alguns fatos sobre a vida: é possível se perder mesmo em uma cidade com muitas sinalizações. Muito. De carro. De a pé.

E esquecer seus sapatos antes de sair de casa também.

Quanto mais andamos por aí, com tantos estímulos, nessas comunidades grandes pakas chamadas cidades, menos o cérebro parece funcionar. Quero dizer, quem quer saber como funciona uma panela de pressão ou como conseguir paz interior quando tem de contar as moedinhas de dez centavos pra pagar o motorista do ônibus ou aquele sanduba de carne de gato maneiro do tio Jão?

Claro que essa parte do nosso corpo está sendo utilizada para outros fins mas.... no fim do dia parece que tudo não passa de CEREAIS - daqueles cheios de assuca, feitos com milho transgênico. No mais, se você acumula muito disso, vai saber o que pode acontecer; alucinações, Oompa Loompas revoltosos por uma alergia a cacau que os impossibilita de comer chocolate começam a se alimentar da sua paciência e paz de espírito, essas coisas. Espero que tenha ficado claro. Se não ficou, você provavelmente não andou exagerando nos hidratos de carbono. 

Irving Penn - Still Life







o rotulo funciona como um fertilizante para a segregação
Como um silenciador que nos libera de qualquer responsabilidade
que nos deixa continuar confortáveis na cadeira reclamando e rotulando...

Aqui podemos ver Paola Carosella sendo linda
[Texto]
[Imagem]

04 dezembro 2015

Uma passadinha

Digamos que eu esteja comendo bolo de anivesário no café da manhã faz três dias. Só uma hipótese, nada concreto.

Duas pérolas: Annie Leibovitz - do calendário Pirelli de 2016, inclusive - e Irving Pen. Estou passada.

Algumas coisas sobre Yoko Ono:

Yoko Ono, Half-A-Room, 1967
John Lennon & Yoko Ono at the first day of their Amsterdam Bed-In, 1969




01 dezembro 2015

O ritual está em andamento

COMECEI ESSE POST COM "Quero que minhas últimas horas com dezessete anos me lembre músicas de Natal por Frank Sinatra e suco de maracujá, porque essa fruta é a minha favorita agora e porque essas melodias tem um clima ímpar.



Ontem fiz um daquelas provas que conseguem te levar a nocaute sem nem mesmo você ter levantado uma vez sequer da cadeira e agora não faço ideia do que sentir. Consegui subir no muro, mas não me jogar de lá de cima, rumo a segunda fase. Por enquanto. Aguardemos o julgamento final."

E AGORA JÁ TO NA PLAYLIST GLÓRIA QUE INCLUI:

M.I.A. - Bad Girls
Kool & The Gang - Celebration
OutKast - Hey Ya!
Madonna - Material Girl
Village People - YMCA
Spice Girls - Wannabe
Queen - I Want to Break Free
Katy Perry - Last Friday Night
Smash Mouth - All Star

ENTRE OUTROS.
BYE BYE 17
WELCOME 18

27 novembro 2015

Aterrissagem de um ano

Cá tenho enfrentado uma severo vício em Stop e Gartic que já passaram por motivos de: enjoei. Quem liga, você se pergunta. Sua mãe, aquela guerreira maravilhosa.

Estranhamente O Apanhador no Campo de Centeio e 10 Coisas que eu Odeio em Você se esgueiraram pelos meus olhos esse último mês, mostrando quando o ser humano percebeu a existência de um período jovem adulto na vida e depois o início de conteúdo clichêMATIZADO voltado pra esse público (leia-se filmes adolescentes da Disney e Capricho). Quantas vezes não tentamos nos achar em mais uma cópia barata da mesma história. Quantas vezes não procuramos nossa idade no Google pra ver o que as outras pessoas da nossa idade fazem. 

Eu nunca fiz isso.











Senhora?

Ok, não era bem esse tema que eu tinha em mente. É o seguinte: como a vida nunca é do jeito que a gente imagina, estou novamente na situação em que o resultado de uma prova vai definir o que vou fazer a maior parte do meu próximo ano. Quer dizer, antes tinha uma opção, agora não tem mais.

No último dia de aula, no ano passado, a escola já estava toda desestruturada das suas funções (cadeiras voando, espuma, despedidas) e, depois que a parte da manhã acabou, almocei sentada em uma sala vazia, confusa pelo que iria acontecer dali pra frente - encerrando o ano tipicamente, com uma bela recuperação de física nas fuças. Era o último tudo naquele dia. Últimos momentos como aluna no lugar que eu frequentei por onze anos, última prova, última olhada naquele lugar e nas pessoas de lá. O que era depois daquilo? Adulta? Pfff, claro que não. Com cara de criança e recém-dezessete na testa, provavelmente poderia fazer o terceiro de novo e ninguém iria reparar.

A vida era baseada em estudar, procrastinar estudos, descansar de tantas aulas, se sentir como quem não tem um papel útil no mundo. Esquecer de se divertir de verdade pra passar o tempo o mais rápido possível porque temos de dormir cedo. E acordar cedo. E fazer tudo de novo. Acho que fiquei velha demais naquele ano.

Uma pessoa zumbi, tão distante de si mesma que sua alma vive longe do corpo e não consegue conectar essas duas partes. Tudo é um medo, solitário e sem emoção.

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O que você vai fazer?

Quando a gente diz que não gosta de nada, é porque considera muitas coisas como nada. Ou estejamos desvalorizando nossas paixões. O medo faz isso: entra na sua casa, come sua comida e, se reclamar, ainda traz amigos folgados. As ambições dos outros pra nossa própria vida fazem isso.


Sempre escutei que deveria escolher uma coisa pra fazer pelo resto da vida e, quando chega a hora da pra perceber que aquilo que realmente interessa não está em nenhum curso; não se ensina alguém a viver e muito menos a se apaixonar. Se encaixar é uma tarefa cheia de recaídas mas, assim que acontece, não tem necessidade de perguntar por que é que não sou como os outros e simplesmente fazer a coisa mais natural e básica da tua vida que é ser você, com todo o prazer.

Você já está fazendo aquilo que ama?

Aloha,
Lisik

25 novembro 2015

Uma vida por um histórico de pesquisa - a internet vicia

Cresci acreditando que a internet era o melhor lugar pra se estar. Lá dentro daquela caixinha branca, cheia de pixels, tinha uma magia indescritível que o mundo real simplesmente não proporcionava porque estava cheio de brigas, decepções, monotonia, solidão. Tudo o que era preciso fazer é sentar ali, me "divertir" o dia todo de modo que, quando eu fosse dormir de noite, toda a parte ruim do meu dia teria passado tão rápido quanto fosse possível suportar. 

Pelo que me recordo, ter doze anos era um pesadelo. Toda aquelas informações sobre uma face da morte que chegou e eu não fui capaz de sentir nada, sobre estar crescendo e tendo que lidar com isso por mim mesma, sobre ver aquelas coisas da vida que nós temos certeza sendo desmentidas. O único lugar em que era possível fugir de tudo isso e ficar em paz era, descobri depois de um tempo, uma mera ilusão. No computador dava pra acelerar os momentos desagradáveis, mas no fim são só cereais (esse filme é muito bom, todos deviam assistir, todo ano).

Na vida real não da pra acelerar pro passado de volta e viver de novo o caminho antes de descobrir que não é a recompensa do final o que importa (quem se importa com cereais, afinal?).


De qualquer forma, saber que o Google guarda registro de todas as suas pesquisas é assustador. É assustador também saber que o blogger é da Google. Estou com medo.

Os registros guardam mais da minha história do que eu mesma me lembro ou percebi sobre mim mesma e, adivinha só: parece que eu venho fazendo a mesma coisa por três anos; pesquisar sobre comida, curiosidades históricas e vários outros porquês e o ques que a gente tem em mente mas nunca pergunta pra ninguém. 

Me sinto muito no século XXI agora, como nunca antes. E me sinto horrível. Parece até que eu vivi todos os meus últimos anos dentro de um computador.

Será esse um dos dramas da geração Z?

Espero superar isso antes de acabar em uma clínica de habilitação para dependentes de tecnologia.

Pare de documentar sua vida com históricos de pesquisa do Google.

24 novembro 2015

Descobrindo o Brasil

Me aventurando pelo blog da Tavi, comecei a perceber o quanto de cultura estrangeira fica ao redor, bloqueando a cultura brasileira. Como meus pais não ouvem muita música (nenhuma praticamente, só minha mãe que pula de sertanejo pra gospel, mas são as mesmas tocadas de novo e de novo) eu só tenho elas na memória com a Xuxa cantando e depois, do nono ano ao primeiro ano do ensino médio; aquela chuva de Titãs, Marcelo Jeneci, Clarice Falcão, Paralamas do Sucesso, Marisa Monte e Legião Urbana.

E daí esses dias me toquei que conheço mais sobre as décadas da música e tudo mais de um país que nem é meu (!!!!). Ok, eu não conheço quase nada, mas ainda sim é mais do que sei sobre a cultura que vem me acolhendo por 17 anos (seis dias pra dezoito, tenso). E vi estrangeiros falando sobre como o português soa bem. E vi o quanto eu sou hipócrita.

Tá na hora de agir.






(Isso aqui me lembra o jardim de infância e eu nem sabia disso)

A propósito, tá na hora de criar um novo blog. Novos anos, novos blogs.
Talvez eu comece um diário de papel como anexo pra toda essa baboseira incrível (pra mim) que escrevo aqui.

A propósito de novo, estou me recuperando da vontade de viver dentro de uma caixa.

21 novembro 2015

Parece que alguém perdeu a ponta da fita adesiva de novo.



Daria acabou e levou um bom pedaço do meu baço junto dela - o que estranhamente veio doer no coração -, o que me lembrou que fases da vida passam e que daqui nove dias meu ritual de passagem vai começar e me tirar a desculpa de não atender o carteiro, aprender a dirigir ou fazer um título de eleitor porque "sou menor de idade". E também, tudo o que eu fizer não vai ser motivo de orgulho e sim de alívio, porque provavelmente vai ser uma obrigação. 

Em comparação, sou um Trent sem Mystik Spiral; deprimida por não fazer nada, sem fazer nada por estar deprimida. Sem objetivos, sem ação, sem Jane Lane, sem Daria Morgendorffer.

20 novembro 2015

If A Body Catch A Body Coming Through the Rye

Sem. Vontade. De. Escrever. REALMENTE NÃO QUERIA DIZER ISSO MAS VOCÊ PEDIU. Essa frase tem vírgula? O que quer dizer MAS, afinal? Oh, cara, que coisa.

17 novembro 2015

Daria é o melhor desenho. Cake - The Distance me lembra Mystik Spiral.

A pior parte de crescer é a pressão por ser mais do que você é porque, aparentemente, pra viver em sociedade temos que agradar uma quantidade de pessoas ou vamos ser simplesmente excluídos da incrível comunidade formada por gente feliz.



 

16 novembro 2015

As vezes me pergunto como é que as pessoas viviam em meio à guerra. Anne Frank vivendo sua popularidade em uma escola, sem precisar se preocupar, ainda, por ser judia, ou como meus avós simplesmente foram forçados a tomar partido em uma luta que não era deles e quem nem deveria existir, pra ninguém. E então o que acontece agora é tão tocável em tempo que você pode até se perguntar se algum dia o ser humano mudou alguma vez. Pensava que vivia no futuro e podia olhar pro passado e dizer "é, cara, superamos isso", mas a verdade é que talvez algumas peças se realocaram no tempo, mas as guerras continuam; por outros motivos, por vezes pelo mesmo, mas elas continuam.

Talvez seja uma marca biológica que vamos carregar por tempo indefinido, porque é o que mantém a existência, mas o preço é a vida.

14 novembro 2015

É tão insano imaginar que enquanto tantas coisas acontecem ao redor do mundo nós estamos simplesmente aqui, sentados, pensando se a bateria do nosso tablet vai durar até amanhã.

04 novembro 2015

Facebook: matar ou morrer

Acordei com esse sentimento de que estou ficando velha e já atingi minha cota de stalker-matadora-de-tempo-triste-por-não-ser-melhor por uma vida inteira. Solução: deletar esse monstrinho que é o Facebook.

Quer dizer, não que ele ainda tivesse utilidade pra mim, mas sempre me prendi a ideia de que aquele feed de notícias era útil ou quem sabe alguém no mundo precisaria me contatar mas... não. O feed pode ser substituído por cominho em pó um visualizador de feeds desses que se acoplam com o navegador e, se alguém realmente quisesse me contatar, já teria me contatado nos últimos 216 meses.

Pode ser simples revolta com a falta de vontade pra fazer qualquer coisa além de assistir Daria, comer doces e fingir, dentro da minha cabeça, ser uma cidadã de valor ou qualquer coisa parecida, mas deletar um facebookzinho não faz mal a ninguém. Até te deixa mais livre, sem aquele comichão nos dedos pra digitar "fa" e dar enter no campo de URL do Google Chrome, liberto pra ler somente notícias que te interessam, e o mais importante: não se pegar sorrindo com a matéria de cima quando a próxima é sobre mais um resultado da falta de empatia do ser humano.

Ah, como nós complicamos nossa vida.
Sempre nos prendendo a qualquer coisa que pareça estável.
Acumulando inutilidades.
ISSO NÃO NOS TRAZ FELICIDADE.

30 outubro 2015

Um rascunho sobre a luta contra a procrastinação

Construir uma rotina quando não existe algo empurrando (leia-se obrigações) é uma das tarefas de desafio mais difíceis desde que o ser humano é essa pessoa tão cheia de ambições sobre o conhecimento. Temos teorias, vídeos motivacionais, fé, pesquisas científicas, mas o que realmente conta, senhoras e senhores, é a determinação; como se fosse fácil assim. Longe de ser preguiça, é só o instinto biológico de homeostase mental ou físico de inércia - será que Newton procrastinava? E Marie Curie?

Digamos que eu tenha testado muitas fontes de informação esse ano - sites, aulas em vídeo, livros, apostilas, tabelas, tópicos, esquemas, blá blá blá - e cada um teve sua durabilidade enquanto eu tentava entender uma matéria sempre por vezes desinteressante, principalmente quando já estava cansada de empurrar conteúdos abaixo via goela. Eis o fato: somos mais produtivos quando 1) Temos uma rotina, 2) Estamos desesperados (geralmente essa quer dizer que a prova é amanhã ou o vestibular daqui duas semanas) 3) Quando é por/para alguém.

Uma rotina cumprível não combina com distrações, fome, cansaço, dores, tecnologia (salvo em casos de conteúdo online, o que requer um pouco mais de controle) e viroses.

O que mais funcionou foi ter uma mesa perto da janela, livros com capítulos coloridos e com algumas imagens e bons textos (do tipo que se pode entender e ler por uma hora sem precisar se perguntar quem diabos é Pepino), poucas questões no final do capítulo (fazíveis em pelo menos uma hora no total, dissertativas de preferência, tipo o livro Geografia Geral do Brasil), sanidade mental, canetas coloridas, boas aulas em vídeo (nerkie, Jubilut, Se liga nessa história). Quão é o desespero de terminar um capítulo e ver que vai passar a tarde toda resolvendo a página de exercícios porque não quer sentir que faltou algo. De fato, nunca terminei aqueles exercícios todos. 

O saldo final disso tudo é que essa cobrança tão grande em nós mesmos e depois a decepção por não ter conseguido fazer tudo é tão insana; somos nós lutando contra nosso próprio corpo a cada desafio, de novo e de novo. Claro que não vamos culpar os historiadores que escrevem as apostilas ou quem é que mandou deixar tudo em preto e branco, porque no final realmente depende só da nossa própria determinação, mas vamos tentar de tudo antes de cogitar desistir ou entrar em um mar de martírios.






26 outubro 2015

"Tudo o que é preciso para que as forças do mal prevaleçam é que bons homens e mulheres não façam nada." (Edmund Burke)

Depois de ter uma breve taquicardia pela possibilidade de chegar atrasada (mesmo faltando uma hora e o caminho levar menos de vinte minutos), terminei o segundo dia de um fim de semana que pareceu ter passado em um estalar de dedos, mas que deixou seus resquícios físicos bem claros. A prova foi enorme como o ano passado, aparentemente mais difícil e o tema da redação não poderia ter sido melhor.

Pra falar a verdade, pensei em:
Malala Yousafzai
Simone de Beauvoir
Tavi Gevinson
Emma Watson (#ElesPorElas) --> Edmund Burke
AzMina
Nana Queiroz --> Presos que Menstruam, #NãoMereçoSerEstuprada
#PrimeiroAssédio

E não usei nada disso. Que morte horrível.

De qualquer forma, me desprendi do pensamento de que o único caminho possível ou desejável seria entrar na faculdade x no curso y, porque aprendizado pode vir de qualquer lugar, porque aprendi mais sobre enfrentar medos, sobre conhecimentos básicos de sobrevivência e convivência em sociedade fora da escola do que jamais iria aprender dentro dela. É que quando a gente cresce como geração Z tem a visão de que o sucesso vem como destino de caminhos específicos e não aprende a buscar a felicidade no caminho para outras estradas; afinal, é tão difícil mudar de direção quando tudo ao redor é escuro e imprevisível.


A música não tem nadavê mas quem se importa

24 outubro 2015

Todos somos pura flor de vento

AS CARTEIRAS ERAM NÃO-UNIVERSITÁRIAS!

A fiscal de sala era tão amorzinho que tive vontade de levar pra casa, mas não pude fazer isso porque ela precisa fiscalizar a sala amanhã; minha mãezinha do ENEM que fez coisas que vão ficar só cá entre nós, mostrando que é possível sim ser respeitada sem precisar arremessar nuvens cinzas por cima de cabeças. O saldo de aprendizado desse dia foi:

- Aprender a não levar água congelada pra provas;
- Não deixar um pacote de pão em locais inapropriados porque um rato pode comer;
- As pessoas só vão perguntar da sua Pós-Graduação no final das contas;
- Almoçar antes de fazer a prova;
- Levar um casaco, só por precaução;
- Todo ano tem prova.

Agora minha cabeça dói um pouco por ter passado tanto tempo lendo e lendo sem parar, meu coração me diz "você falhou, mas ganhou coisas imensamente importantes" e sim, eu conferi a pré-correção que já tá correndo pela internet. 

Passa tão depressa agora, tão despreocupado e despercebido. Talvez eu precise de um banho e um cachorro me acordando amanhã de manhã.

23 outubro 2015

NERVOUSOUR PRÉ ENEM


Ok. É o seguinte:

Pedi conselhos ao meu eu do passado (um pouco megalomaníaco), que aparentemente está enfrentando tempos terrivelmente melancólicos sobre algum final que a torturou e fez bem em acabar, mas que mesmo assim não deixa de ser um adeus e, como todo bom adeus, sempre leva um pedaço de você e perde um pedaço para você. De qualquer forma, ela é jovem; vai ficar tudo bem, é forte o suficiente.

Agora, DE VOLTA PRO FUTURO (Martin McFly, se estiver lendo isso, me encontre na sessão de condimentos do mercado local), amanhã é o primeiro dia do ENEM e, não importa quantas vezes eu for fazer essa maldita prova, vou sempre procurar sobre o que devo levar/vestir/ser/fazer. Todos os jornais tem uma matéria sobre isso, mas vou deixar minhas considerações por aqui  porque talvez um dia isso seja útil e porque me deixa mais tranquila saber que alguma parte de mim sabe o que fazer.

Para pessoas que não costumam frequentar lugares novos com muita frequência, estar em um colégio completamente desconhecido pode trazer um certo pânico desconforto, principalmente porque estamos sozinhos em meio a uma multidão que parece saber exatamente onde estão e o que fazer ali. E aí que fica a deixa: UMA MULTIDÃO INDO FAZER A MESMA COISA quer dizer que todos vão pro mesmo lugar, então simplesmente siga o fluxo. Caso o fluxo esteja se dispersando, repita o número da sala sem parar na cabeça, mas não esqueça de usá-la pra achar uma lógica crescente ou decrescente na ordem das portas. Em caso de dúvida, perguntar pra um dos fiscais de uniforme ,porque são umas 800 pessoas e ele não vai lembrar da sua cara. É ótimo chegar antes porque dá pra explorar o território e ir ao banheiro antes de entrar na sala (reze por carteiras não-universitárias).

pessoas
eu


Quatro/cinco horas curtindo a bunda na cadeira não é a experiência mais agradável do mundo, mas pode não ser a pior porque você vai estar dentro da sua roupa mais confortável (tecido tipo jeans é ORÍVEL) e com tua bolsa/mochila/baú/cartola contendo os seguintes itens:

- Água semi gelada (ou gelada se você tiver muita sorte de pegar um lugar perto de casa);
- Documento de identidade;
- Pelo menos três canetas pretas transparentes;
-Papelzinho com o nome da rua, do colégio e o número da sala (o papel com teu nome e número da sala vai estar na parede mas, acredite, você não vai querer olhar);
- Frutas [ESTAMOS EM ÉPOCA DE MORANGO! De preferência frutas que não sujem as mãos e não tenham sementes porque né, pode nascer uma árvore na sua barriga (mas você pode correr esse risco)];
- Sanduíche de pão integral sem/com patê? presunto? peito de peru? geléia (ferve água com açúcar e qualquer fruta aí com pectina)? ...? em potes/saquinhos transparentes;
- Algum doce pra comer na metade/fim da prova;
- Prendedores pra manter o cabelinho fora da visão.

Barrinhas de cereais DE VERDADE são bem mais caras que aquelas que só tem açúcar e gordura e que a gente pensa que é saudável, mas não é (mentirosas e também não são gostosas). Se for pra comer gordura e açúcar, VAMOS COMER CHOCOLATE, PÔ (não muito também, se não dá caganeira e lerdeza).

A dica suprema é sobre ler a pergunta antes do texto (querido professor Ivys Urquiza chama de comando da questão) e ficar de olho no relógio que vão colocar na lousa lá, destacando os adesivinhos conforme o tempo passa: 

Primeiro dia: 90 questões, 4:30 (dia tranquilo);
Segundo dia: 90 questões e 1 redação, 5:30 (dia desesperador).

Sobre o gabarito: faça as questões que tem certeza, pule as que não tem, quando acabar a prova, passar pro gabarito as certeiras e voltar pras duvidosas, passar pro gabarito assim que fizer cada uma das duvidosas. Ignore as pessoas que estão saindo, foque no relógio.

Ok, tem milhares de formas de fazer uma prova, mas acho que essa funciona pra mim porque nas últimas eu fiz aleatoriamente e é um caos achar as ainda não feitas e, vamos combinar, a vontade é de sair correndo junto com o bando de gente que começa a ir embora depois de passadas umas quatro horas.



Provavelmente também vão colocar um pancadão bem bom em volume dinossáurico, mas não perca tempo se irritando com isso, use a batida pra pensar com fluidez.

E as últimas considerações: tem prova todos os anos e, apesar de passar várias vezes pela cabeça que é uma chance única pra fazer a única coisa que você deveria fazer na vida (faculdade, trabalho, casamento, filhos, vida perfeita), definitivamente não é. Contanto que se tenha comida, o resto é lucro. E se não tiver, é perfeitamente aceitável plantar algumas ou trabalhar em troca delas. Mantenha-se em atividade com paixão porque, se você já viu o filme Click, sabe que no fim são apenas cereais.

22 outubro 2015

SHAKE. FOLD.

Joe Smith is an active figure in the Oregon community and a powerful advocate for proper paper towel use.

Girl Power

The director of communications for the non-profit Citizen Schools, Colin Stokes thinks deeply about the media he shares with his two young children.

21 outubro 2015

Kids shoes on the gritty floor

At the University of Pennsylvania, Angela Lee Duckworth studies intangible concepts such as self-control and grit to determine how they might predict both academic and professional success.




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Terry Moore is the director of the Radius Foundation, a forum for exploring and gaining insight from different worldviews.




A prolific short story writer and blogger since age seven, Adora Svitak (now 18) speaks around the United States to adults and children as an advocate for literacy.

Os sete pecados mortais do discurso

Julian Treasure studies sound and advises businesses on how best to use it.




1. Gossip;
2. Judging;
3. Negativity;
4. Complaining;
5. Excuses;
6. Lying;
7. Dogmatism

Honesty
Authenticity
Integrity
Love

20 outubro 2015

embrace your own ignorance

“Remember this thing that Neil deGrasse Tyson told Hazel back in 2012?
So many people only want answers. To be a scientist you have to learn to love the questions. You’ll learn that some of the greatest mysteries of the universe remain unanswered, and that’s the fun part. That’s the part that gets you awake in the morning and running to the office, because there’s a problem awaiting your attention that you might just solve that day. You have to embrace the unknown and embrace your own ignorance.
I hate it when people who believe in God or a “higher power” think atheists are dumb for “believing in science” because science still “can’t explain everything.” I mean, what could be more wonderful than that? Wouldn’t life be boring if everything were known to us?"

The Breakfast Club


Porque meramente existir é ignorar a essência daquilo que está ao redor.

19 outubro 2015

Du (Tu), Dudu (Teu id) e Edu (Teu ego)

A solidão não é o que parece e o que se faz pensar com essa palavra tão forte a primeira vista; a verdade é que ela provavelmente não existe, a não ser que você queira que ela exista.

Todos somos multifacetados, colecionamos psiques e apresentamos elas ao mundo em diferentes momentos muito mais próximos quando você é uma pessoa cheia de hormônios e para diferentes pessoas, o que só pode provar que existe um filtro entre o que fica dentro de você e o que fica fora. Dentro de ti não existe essa peneira, então é possível compartilhar qualquer sentimento odioso pelas atitudes de qualquer ser no universo, se dar conselhos de como não ser um ser odioso (ou ser, pra alcançar um objetivo) e as pessoas não saem cantando por aí "EU ME TRAÍ, ACREDITEI QUE ERA PRA VALER". Daí que toda essa informação é bem processada e as devidas consequências são medidas, o que garante que o processo seja efetivo e você não solte um "PUTA QUE O PARIU" na frente dos teus pais ou chame seu professor de cara chato enquanto ele está por perto (ok, ok, filtros também falham).

O mundo interior é o único em que se pode pensar durante dois dias seguidos no mesmo assunto sem ter medo ou a chateação de ter alguém te falando pra seguir em frente, o qual se pode viver na sofrência por motivos aparentemente inexistentes ou simplesmente deixar de fazer algo com a desculpa da preguiça sem receber um olhar que diz "FOLGADO". Você sabe que são reações plausíveis, mas se perdoa mesmo assim.

ew, mais gifs. ew, que petulância. ew, bitchface

Quando alguém se encontra nas situações citadas acima, existem as respostas padrões que esperamos (mas não desejamos) ouvir das pessoas e existe o instinto do seu melhor amigo você mesmo que sabe o que fazer contigo - que pode ser se torturar um pouco mais e não há nada de errado com isso. 

ATENÇÃO: SE A SUA SOFRÊNCIA PERDURA POR MAIS DE UM MÊS SEM INTERVALOS E ALTERAÇÕES DE HUMOR (PARA MELHOR), PROCURE UM MÉDICO.

Em situações mais específicas e complexas, o filtro entra em colapso e aquele que mora de cá dele faz absoluta nenhuma ideia do que fazer. O mundo novo de não saber como lidar consigo mesmo traz uma série de eventos desventurados que se propagam pros dois lados e é uma longa caminhada de joelhos em grãos de milho até que se descubra como consertar tudo, mesmo deixando alguns rastros de sangue pelos quais você provavelmente pode ter uma pontinha de arrependimento um dia "Oh não, eu sou muito orgulhoso, não deveria ter deixado meu sangue por aí"; rota ranzinza chamada Estrada Muito Louca ou Adolescência, como queira. 

Digamos que essa pecinha de nós mesmos vai se modificar muitas vezes ao longo da vida e talvez a primeira vez seja a mais difícil, mas vamos ter de nos adaptar a ela de novo e de novo; coisa que só Du, Dudu e Edu sabem fazer ou tem a capacidade de descobrir como porque, afinal, não é nem mesmo saudável sair usando peça dos outros em si mesmo ou obrigar os outros a usarem as nossas. E assim, tendo como melhor amigo para sempre você mesmo, pode ser o momento de apresentá-lo a alguém e esperar que possam trocar boas dicas de mecânica. 

O importante é que a solidão não precisa ser temida ou lamentada, porque ela sempre existiu e sempre vai existir, mesmo que fazendo companhia a outras solidões de outras tantas pessoas. Aprender a lidar com ela é o melhor negócio que se pode fazer, descobrindo seu novo melhor amigo: você mesmo.

18 outubro 2015

CARTA À MINHA FILHA: NÃO DEIXE QUE A ESCOLA TE ENSINE

2 DE ABRIL DE 2014 ● Via RESCOLA

Clarice querida,
O
mundo está mudando rápido. Bem mais rápido que as nossas escolas. Há tantas delas que ainda não perceberam que este mundo internético em que hoje vivemos é radicalmente diferente do mundo desconectado de algumas poucas décadas atrás e que nossa Educação agora pode e precisa ser muito melhor.



Mas é preciso querer ver a necessidade de mudar, e isso demora. Por mais que eu esteja otimista, não acho que os anos que te restam na escola sejam tempo suficiente para essa onda de renovação se espalhar pelo Brasil e chegar à tua sala-de-aula.
Vai ser por pouco… Você é parte da última geração de alunos da escola do passado. Ou seja, alunos de um modelo de educação igualzinho ao que eu tive, e que também foi o mesmo dos teus avós, teus bisavós, teus trisavós…
Mas se não dá para evitar que as manhãs da tua infância sejam gastas em aulas chatas e desestimulantes, você pode pelo menos ficar alerta aos defeitos desse modelo. Assim, enquanto você aproveita o que a escola pode te oferecer de bom, vai conseguir impedir que ela te ensine algumas coisas que a mim custaram muitos anos para desaprender.

Não deixe que a escola te ensine que conhecimentos podem ser compartimentados, separados em caixinhas, isolados uns dos outros.

Na escola do passado, a matemática acaba quando começa a física e a geografia acaba quando começa a história. No mundo, há biologia no esporte, matemática na música, história na literatura, gramática na programação de computadores… Por isso, depois de ver algo de perto, dê sempre um passo para trás, perceba as relações, enxergue o todo.

Não deixe que a escola te ensine que alguns conhecimentos são mais importantes que outros.

Na escola do passado, para cada aula de artes há duas de geografia e para cada uma de geografia há duas de matemática. Música, artes plásticas, esportes, religião, filosofia são tratados como matérias de “segundo time”. Quantos grandes artistas e esportistas foram vistos como maus alunos e forçados a abandonar seus talentos porque o conhecimento que lhes interessava não era o mesmo que interessava à escola! Persiga teus interesses mesmo que eles não interessem a mais ninguém.

Não deixe que a escola te ensine que há um momento específico para aprender cada coisa.

Na escola do passado, quem não consegue acompanhar a turma é tido como um fracassado e quem quer avançar mais rápido é freado, impedido. Ela exige que todos aprendam o mesmo ao mesmo tempo. Mas as pessoas não são todas iguais. Você pode ter mais facilidade que os colegas em um determinado assunto e menos em outro. Não deixe que te empurrem nem que te segurem. Respeite teu próprio ritmo de aprendizado.

Não deixe que a escola te ensine a decorar.

Informação x Conhecimento
Ao contrário, esqueça tudo que puder. O homem dominou o planeta porque foi capaz de fabricar ferramentas que estenderam os limites das nossas mãos e pés. Agora, fomos ainda mais além e fabricamos ferramentas que estendem os limites do nosso cérebro. Não precisamos mais desperdiça-lo usando-o como um depósito de nomes, datas e fórmulas; hoje podemos aproveitar todo o potencial dele para analisar, criticar e refletir o mundo de informações que podemos acessar com um clique. A Internet é o teu HD, o cérebro é o teu processador.

Não deixe que a escola te ensine a te contentar com pouco.

Na escola do passado, as consequências de tirar nota 10 ou nota 7 são as mesmas. O aluno excelente passa de ano da mesma forma que o mediano, com, no máximo, um elogio da professora. Assim, aos poucos os alunos vão ficando satisfeitos em “passar por média”. Nunca fique contente com a média. Dê teu melhor sempre, em tudo o que fizer (inclusive nesses poucos anos que ainda te restam na escola do passado). No mundo, ao contrário da escola, a excelência faz muita diferença.

Não deixe que a escola te ensine a acreditar que ela é suficiente.

A escola do passado lamentavelmente abdicou da missão de preparar os alunos para o futuro e se limita a tentar prepará-los para o vestibular ou o ENEM. Mas a tua vida produtiva começa exatamente depois desse ponto e para ser bem sucedida nela você precisará de muito mais do que ciências, matemática, português, história e geografia. O futuro vai exigir que você tenha uma boa noção dos teus direitos e deveres para cumprir teu papel de cidadã, conheça um pouco de economia para saber gerenciar teu dinheiro, aprenda sobre empreendedorismo para fazer tuas ideias virarem realidade, tenha consciência global para compreender teu lugar no mundo, domine a Internet enquanto ferramenta de comunicação e muito mais. Há muitos conhecimentos que não estão na escola. Procure-os onde estiverem.

John Lennon
Não deixe que a escola te ensine que provas são capazes de medir a tua capacidade e inteligência.

A história está repleta de gênios que foram tidos como maus alunos. Eles eram considerados incapazes nas suas escolas porque estavam à frente delas e, portanto, não podiam ser medidos pelos seus testes. As provas da escola do passado servem para provar quem está mais adequado ao mundo do passado.

Não deixe que a escola te ensine que você não tem nada a ensinar.

Na escola do passado os alunos são separados em séries de acordo com suas faixas etárias e isso praticamente impede a interação entre idades diferentes. Colegas um pouco mais velhos têm muito a te ensinar e, o que é ainda mais importante, os mais novos têm muito a aprender contigo. E ensinar é a forma mais eficiente de aprender. Quando um professor detém o monopólio do ensino, ele te rouba inúmeras oportunidades de aprender ensinando e ensinar aprendendo.

Caminho do sucesso
Não deixe que a escola te ensine que errar é ruim.

Provas fazem isso o tempo todo, sem que os alunos percebam. Do jeito que são feitas, elas servem apenas para apontar e punir nossos erros e desperdiçam a oportunidade de nos ajudar a aprender com eles. O resultado é que aos poucos vamos nos acostumando a não arriscar e a evitar erros a todo custo. Não há nada pior para o aprendizado do que o medo de errar. Erre! Erre de novo! Erre à vontade. Erre quantas vezes forem necessárias até acertar.

Não deixe que a escola te ensine a ser apenas consumidora de ideias.

A escola do passado se limita a ruminar as ideias dos outros. Diariamente, aula após aula, os alunos mastigam, engolem e digerem um enorme cardápio de informações. Não há nenhum espaço para que eles gerem conhecimento, produzam pensamentos, criem ideias, somem. Os alunos são tratados como se fossem incapazes disso e logo se convencem dessa incapacidade. O mundo do futuro é o mundo da troca. Nele, os bem sucedidos não serão os que forem capazes de acumular mais ideias, mas os que forem capazes de distribuir mais. Escreva, desenhe, cante, dance, filme, blogue, fotografe, pinte e borde. Crie, produza, pense, gere, compartilhe.

E o mais importante de tudo, minha filha: não deixe que a escola te ensine que aprender é a mesma coisa que ser ensinado.

Toda criança nasce uma esponjinha de conhecimento ávida para absorver os comos e os porquês de tudo que vê. Essa curiosidade sem fim, essa fome de aprender costuma durar até o exato momento em que ela passa pela porta da sala de aula da primeira série da escola do passado. É nesse momento que as crianças são convencidas que aprender não é experimentar, sentir e sujar as mãos de terra ou tinta, como faziam até agora, mas sim sentar silenciosamente em cadeiras alinhadas e ser ensinado por um professor que é o dono de todo o saber e que decide sozinho a hora de começar e de parar de estudar cada assunto. O aprendizado não vem mais da interação da própria criança com o objeto que ela está conhecendo. Agora, ele é “transferido”. A criança não faz mais perguntas, ouve respostas. A busca do conhecimento não começa mais nas interrogações dos alunos, mas nas afirmações do professor; o estudo não mais se inicia na curiosidade, mas na autoridade. A criança não está mais no comando do seu aprendizado, ela não é mais um sujeito ativo no ato de aprender, é um sujeito passivo do ato de ensinar do professor. Em resumo, a criança não mais aprende, é ensinada. Não abra mão da direção da tua vida. Viver é aprender e você tem autonomia (ou seja, a liberdade e a responsabilidade) para decidir o que aprender e, portanto, como viver. Não a ceda a ninguém.

Se você conseguir impedir a escola de te ensinar essas coisas, vai acabar descobrindo que vida escolar é diferente de vida de aprendizado. E então, terá a vida inteira para desfrutar dessa incrível Era do Conhecimento que está apenas começando.
Te amo.
Teu pai

17 outubro 2015

Mover para quarentena

Passar três dias longe de qualquer tecnologia (salvo a novela de noite) faz um ser humano pensar como nenhum outro (isso pode até ser base de belas piadas sobre como os computadores estão deixando jovens alienados), talvez descobrir sua própria existência física tridimensional e ainda faz os sonos melhores.

Preciso testar essa gravata
Um detalhe de se escrever é que dá pra ter sua consciência quase palpável, não é como se você pensasse e logo depois fosse apagado da memória por falha oompaloomica; as boas (relativo) novas (relativo) é que agora tenho um currículo (metade em branco) e uma camisa sem mangas.

E tem dias que as frases simplesmente não se formam muito bem na cabeça, o que significa que é hora de fazer fotossíntese.

13 outubro 2015

Um pássaro voando vale mais do que dois na mão

Chega a época de se apresentar para o mercado de trabalho, fazer um currículo, pegar o diploma, embrulhar o passado; talvez o meu "Forever" esteja de fato acabando.

É tão agradável me livrar daquele peso que eu mesma colocava sobre as minhas costas e toda aquela coisa cheia de dedos e apreensões que impedem que a gente simplesmente tire os sapatos e vá pisando no barro sem medo de ter aquele momento por completo; a vontade de que tudo seja sempre perfeito ou desejar tanto o impossível esmaga nossos corações e nos impedem de apreciar toda a imensidão de perfeições imperfeitas.

Todo esse tempo tentando coletar uma porção desses eventos felizes e desprezando as potenciais decepções chega ao fim com um grande tapa na cara e é esse impulso que você vai usar, não só pra sofrer o quanto tiver de sofrer, mas pra depois disso tudo conseguir enxergar que tem um monte de coisa que você não planejou minunciosamente esperando pra acontecer; vê se não tenta apagar todos eles dessa vez.

Talvez o meu "Forever" esteja só começando.

Editor’s Letter