Cresci acreditando que a internet era o melhor lugar pra se estar. Lá dentro daquela caixinha branca, cheia de pixels, tinha uma magia indescritível que o mundo real simplesmente não proporcionava porque estava cheio de brigas, decepções, monotonia, solidão. Tudo o que era preciso fazer é sentar ali, me "divertir" o dia todo de modo que, quando eu fosse dormir de noite, toda a parte ruim do meu dia teria passado tão rápido quanto fosse possível suportar.
Pelo que me recordo, ter doze anos era um pesadelo. Toda aquelas informações sobre uma face da morte que chegou e eu não fui capaz de sentir nada, sobre estar crescendo e tendo que lidar com isso por mim mesma, sobre ver aquelas coisas da vida que nós temos certeza sendo desmentidas. O único lugar em que era possível fugir de tudo isso e ficar em paz era, descobri depois de um tempo, uma mera ilusão. No computador dava pra acelerar os momentos desagradáveis, mas no fim são só cereais (esse filme é muito bom, todos deviam assistir, todo ano).
Na vida real não da pra acelerar pro passado de volta e viver de novo o caminho antes de descobrir que não é a recompensa do final o que importa (quem se importa com cereais, afinal?).
De qualquer forma, saber que o Google guarda registro de todas as suas pesquisas é assustador. É assustador também saber que o blogger é da Google. Estou com medo.
Os registros guardam mais da minha história do que eu mesma me lembro ou percebi sobre mim mesma e, adivinha só: parece que eu venho fazendo a mesma coisa por três anos; pesquisar sobre comida, curiosidades históricas e vários outros porquês e o ques que a gente tem em mente mas nunca pergunta pra ninguém.
Me sinto muito no século XXI agora, como nunca antes. E me sinto horrível. Parece até que eu vivi todos os meus últimos anos dentro de um computador.
Será esse um dos dramas da geração Z?
Espero superar isso antes de acabar em uma clínica de habilitação para dependentes de tecnologia.
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