26 março 2015

O que acontece no sistema digestório quando se tem uma virose


Ficar três dias só tomando soro, água, água com amido de milho, água com amido de milho e limão, água salobra do soro caseiro sem receita, sopão solúvel com alguma massa de formato engraçado nela e miojo me fez repensar na vida. Essa virose mostrou a comida - e o meu sistema digestório - de um ângulo peculiar.

Logo agora, no quinto dia da virose, meu corpo já é mais forte que o vírus e agora eu posso comer sem medo de levar uma facada de dentro pra fora logo que a comida bate no estômago (o que leva menos de 2 segundos). Agora ela tem tempo de pelo menos ser digerida (mais ou menos) como tem de ser.

VAMOS DESMISTIFICAR O TABU DO FUNCIONAMENTO INTESTINAL.
Activia já fez isso. Droga.

Vou desmistificar o tabu do funcionamento intestinal durante uma virose, então:

Depois das dores e indisposição que te fazem se perguntar se você fez alguma coisa de errado, aquele vírus e suas irmãs e irmãos gêmeos esvaziam seu intestino; fazem com que ele dê adeus a última refeição decente que você vai ter em pelo menos três dias (a não ser que você seja teimoso como eu e decida comer durante os próximos passos, mas isso vai acabar rapidamente fora do seu corpo, de qualquer forma).


Com todos esses resíduos eliminados e não suficientemente satisfeito, o indivíduo causador do malefício X parte em sua saga para agora esvaziar seu estômago, dessa vez pelo canal de entrada do sistema digestório; é nessa parte crucial que é necessário engolir um remédio de enjoo e muitos copos de soro, porque tudo acontece tão rápido que a pressão baixa e qualquer um pode encontrar uma velha amiga de Isaac Newton de nome Gravidade. Me pergunto se eu não poderia adiantar a parte do remédio pra náuseas, mas, talvez, no lado médico da coisa, "VOCÊ PRECISA ELIMINAR O VÍRUS".

                                         

Logo depois de encontrar ou não a cara no chão, parece que todos os soros e líquidos que se bebe simplesmente saem do corpo sem dizer adeus. Noites sem dormir (provavelmente de plantão na porta de um banheiro) e acabando com todo o tipo de fonte de hidratação da casa e com a própria flora intestinal.



Gradualmente, essa frequência toda vai diminuindo (não tanto assim) e a consistência dessa situação não tão única agora também. Pode parecer que é aí que as coisas melhoram, mas não é bem assim.

O intestino, cansado de ser limpo a todo momento por um indivíduo que nem mesmo deveria estar ali, que chegou a menos de 48 horas e já dominou todo o pedaço, começa a reagir. Se joga de um lado, se joga de outro, te joga de lado, te joga de outro; ele não pode escolher quem expulsar, então expulsa todo mundo; isso aquela comida que deveria repor as energias, então é bem provável se pegar pensando que seria melhor passar fome do que comer e ter uma faca de serrinha em movimento dentro de você.


Uma hora, finalmente, é possível ter 5 horas inteirinhas e seguidas de sono. A serrinha começa perder seus dentes, temos uma quarta consistência, é possível atacar a mais deliciosa acelga gourmet que colocaram no miojo (que passa a ser a coisa mais deliciosa do mundo), as vezes beber qualquer coisa já desperta a vontade de não beber qualquer coisa - talvez por ter passado três dias só bebendo líquidos e os perdendo na mesma medida ou mais rápido.

Nesses tempos começam os pensamentos de food porn, de poder comer qualquer coisa no mundo que não seja sopão instantâneo, principalmente aquela galinhada de uma panela só da Rita Lobo.

Finalmente dá pra comer sem se arrepender imediatamente; é possível esperar pelo menos alguns - não todos - alimentos terem seus nutrientes sugados. O arrependimento agora é um preço mais baixo  e que vale a pena pago e, pra compensar todas as carências nutricionais, o corpo passa a pedir toda e qualquer comida que apareça (e a vontade de galinhada ainda não passou completamente).

Depois de três dias na cama é possível levantar e ter alguma qualidade de vida, com grande apetite incluído nela.


 O fato é que é muito interessante que a comida que entra no corpo possa passar por tantas coisas e sair de tantas maneiras diferentes e que, quando ela sai, pode mostrar tantas informações sobre você impossíveis de descobrir sozinho; é uma visão do que se é no presente.

Tem muita filosofia por trás do lixo. Lixo nem sempre tem o significado que deveria ter, afinal.

Ps. É isso o que a falta de sono e nutrientes pode fazer com um ser humano. Lave sempre as mãos nos horários adequados.

Nota: vou fazer um curso de agronomia pra plantar a minha mão na sua cara.



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