29 março 2015

All magic comes with a price




Os vírus realmente acharam em nós, aqui de casa, um bom lar pra viver.

Enquanto estávamos no mercado, meu pai recebeu um chamado do Batman pra fazer uma entrega por que um cara não foi. Lá fomos nós, deixando todas as compras no carro e saindo de caminhão rumo ao Sacomã, sem ter almoçado nem nada; Andar em um caminhão te deixa nas alturas com uma vista incrível do trânsito de São Paulo em primeira mão.

Fomos, andamos muito (lembrete: nunca mais usar sapatilha na vida) por aí, seguindo os rastros das pessoas com sacolas da Chocolândia, achamos um fouet que custava um rim, passamos em frente ao trabalho de mamãe mas não entramos, comemos em um bar-restaurante (tinha todo tipo de comércio e lugar pra comer lá, nunca vi lugar com tanto comércio) - meu pai um pão de batata que parecia pão de queijo derretido e eu uma coxinha, claro - e voltamos pro caminhão, pra esperar a carga ser retirada. 

26 março 2015

Pequenos motivos, grandes reações

Depois de passar 4 dias sem comer direito por causa da virose, hoje é o dia em que eu mais senti fome na vida. Comer de duas em duas horas virou necessidade, por que cada vez que a sensação de que algo precisaria ser deglutido,  ela ficava (e ainda fica) cada vez maior,  até que parecesse que me faltava comida há meses.

 Decidi cozinhar pra matar quem estava me matando de um jeito inteligente; cozinhando o arroz na água de cozimento da beterraba (jogando as sobras no jardim), comendo com beterraba cozida em cubinhos e salada de alface. Uma hora depois eu já estava com fome.
O fato é que, quando papai voltou bem cedo e com gripe, a luz acabou. Comecei pensar que uma das melhores coisas a se fazer quando acaba a luz é cozinhar ouvindo música - nunca fiz isso, mas parece ser uma ideia tentadora. 

Enquanto esquentávamos, discutíamos e mudávamos de assunto sem se ofender, uma minhoca preta de menos de 0,5 mm começou a andar, o que nos deixou um pouco em pânico,  tipo:

O_O ISSO VEIO DO REPOLHO?


Meu pai queria colocar fogo nela com um fósforo,  então eu corri cortei ela e joguei na pia como quem tira um curativo. Ele disse que ela virava duas quando cortava - estava certo, por que metade dela ainda se mexia na pia quando fui tirar, mas é melhor que ele não saiba de nada disso. 

Verduras vêm com vários bichinhos diferentes de brinde,  queeeem precisa de pokemon.

Depois de postar uma única foto da Mari Bond que achei no Instagram,  uma desconhecida curtiu. E a parte mais legal disso é que ela trabalha com fotografia e não faço ideia de onde ela veio.

Agora, preciso dormir; recarregar as energias pra nunca mais ficar doente. 

O que acontece no sistema digestório quando se tem uma virose


Ficar três dias só tomando soro, água, água com amido de milho, água com amido de milho e limão, água salobra do soro caseiro sem receita, sopão solúvel com alguma massa de formato engraçado nela e miojo me fez repensar na vida. Essa virose mostrou a comida - e o meu sistema digestório - de um ângulo peculiar.

Logo agora, no quinto dia da virose, meu corpo já é mais forte que o vírus e agora eu posso comer sem medo de levar uma facada de dentro pra fora logo que a comida bate no estômago (o que leva menos de 2 segundos). Agora ela tem tempo de pelo menos ser digerida (mais ou menos) como tem de ser.

VAMOS DESMISTIFICAR O TABU DO FUNCIONAMENTO INTESTINAL.
Activia já fez isso. Droga.

Vou desmistificar o tabu do funcionamento intestinal durante uma virose, então:

Depois das dores e indisposição que te fazem se perguntar se você fez alguma coisa de errado, aquele vírus e suas irmãs e irmãos gêmeos esvaziam seu intestino; fazem com que ele dê adeus a última refeição decente que você vai ter em pelo menos três dias (a não ser que você seja teimoso como eu e decida comer durante os próximos passos, mas isso vai acabar rapidamente fora do seu corpo, de qualquer forma).


Com todos esses resíduos eliminados e não suficientemente satisfeito, o indivíduo causador do malefício X parte em sua saga para agora esvaziar seu estômago, dessa vez pelo canal de entrada do sistema digestório; é nessa parte crucial que é necessário engolir um remédio de enjoo e muitos copos de soro, porque tudo acontece tão rápido que a pressão baixa e qualquer um pode encontrar uma velha amiga de Isaac Newton de nome Gravidade. Me pergunto se eu não poderia adiantar a parte do remédio pra náuseas, mas, talvez, no lado médico da coisa, "VOCÊ PRECISA ELIMINAR O VÍRUS".

                                         

Logo depois de encontrar ou não a cara no chão, parece que todos os soros e líquidos que se bebe simplesmente saem do corpo sem dizer adeus. Noites sem dormir (provavelmente de plantão na porta de um banheiro) e acabando com todo o tipo de fonte de hidratação da casa e com a própria flora intestinal.



Gradualmente, essa frequência toda vai diminuindo (não tanto assim) e a consistência dessa situação não tão única agora também. Pode parecer que é aí que as coisas melhoram, mas não é bem assim.

O intestino, cansado de ser limpo a todo momento por um indivíduo que nem mesmo deveria estar ali, que chegou a menos de 48 horas e já dominou todo o pedaço, começa a reagir. Se joga de um lado, se joga de outro, te joga de lado, te joga de outro; ele não pode escolher quem expulsar, então expulsa todo mundo; isso aquela comida que deveria repor as energias, então é bem provável se pegar pensando que seria melhor passar fome do que comer e ter uma faca de serrinha em movimento dentro de você.


Uma hora, finalmente, é possível ter 5 horas inteirinhas e seguidas de sono. A serrinha começa perder seus dentes, temos uma quarta consistência, é possível atacar a mais deliciosa acelga gourmet que colocaram no miojo (que passa a ser a coisa mais deliciosa do mundo), as vezes beber qualquer coisa já desperta a vontade de não beber qualquer coisa - talvez por ter passado três dias só bebendo líquidos e os perdendo na mesma medida ou mais rápido.

Nesses tempos começam os pensamentos de food porn, de poder comer qualquer coisa no mundo que não seja sopão instantâneo, principalmente aquela galinhada de uma panela só da Rita Lobo.

Finalmente dá pra comer sem se arrepender imediatamente; é possível esperar pelo menos alguns - não todos - alimentos terem seus nutrientes sugados. O arrependimento agora é um preço mais baixo  e que vale a pena pago e, pra compensar todas as carências nutricionais, o corpo passa a pedir toda e qualquer comida que apareça (e a vontade de galinhada ainda não passou completamente).

Depois de três dias na cama é possível levantar e ter alguma qualidade de vida, com grande apetite incluído nela.


 O fato é que é muito interessante que a comida que entra no corpo possa passar por tantas coisas e sair de tantas maneiras diferentes e que, quando ela sai, pode mostrar tantas informações sobre você impossíveis de descobrir sozinho; é uma visão do que se é no presente.

Tem muita filosofia por trás do lixo. Lixo nem sempre tem o significado que deveria ter, afinal.

Ps. É isso o que a falta de sono e nutrientes pode fazer com um ser humano. Lave sempre as mãos nos horários adequados.

Nota: vou fazer um curso de agronomia pra plantar a minha mão na sua cara.



Acelga no miojo

Logo no dia seguinte do lustre meu olho direito me dizia que algo não estava bem. A cabeça doía, o olho doía - e assim foi por dois dias - até que no domingo eu me rendi e fui direto pra cama e por lá fiquei.

Depois de ficar três dias fazendo lavagem intestinal espontânea involuntária e tomar soro até pelos ouvidos - até que eu comecei a sentir vontade de vomitar com aquela água salobra -, ir de novo ao médico (dessa vez por mim, um pediatra), ficar com a "cabeça leve" de ficar um dia sem dormir, no outro dormir menos de 4 horas e no outro menos de 5, AQUI ESTOU EUUUUUUU.

O que eu aprendi dessa desventurada experiência:

Virose é contagiosa;
Você pode não dormir e não sentir sono, mas seu corpo pede trégua;
Aliás, é bom ouvir o que o corpo tem a dizer;
Tomar remédios, por mais ruins que eles sejam;
Não tentar fazer soro caseiro sem receita;
Depois de dias sem comer, uma acelga no meio do miojo pode ser uma descoberta gastronômica fenomenal, que dirá um frango de ontem;
Ficar deitada assistindo Once Upon a Time por 12 horas só piora meu estado de espírito.

Remédios tomados (uma lista para o futuro, MAS EU NÃO VOU PRECISAR):
- Reidratante (IFAL);
- Butilbrometo de escopolamina + dipirona sódica (AMARGO, reduz os movimentos que causam cólicas intestinais);
- Leiba (repositor de flora intestinal);
- Plasil (enjoo e náusea);
- Comprimido de dipirona pra dor de cabeça.



20 março 2015

Chandelier

Aquele momento constrangedor que alguém espirra do seu lado, você se assusta, mas faz a egípcia.

Foram dias tensos, meu caro. Percebi que o atendimento de urgência do AMA tem o tempo médio de 3h e que as pessoas simplesmente sentam em uma sala de espera por horas com crianças chorando e suas doenças particulares esperando os médicos diagnosticarem seu malefício X. Deu pra perceber também que as coisas tem energias variáveis e que todo ser humano deveria receber ensinamentos básicos de medicina e nutrição na escola, além de um treinamento básico de como fazer o cérebro funcionar em situações fora do comum.

O fato é que, depois disso tudo não tem muito tempo pra pensar em tudo o que aconteceu esses dias e nem é bom que tenha, porque várias coisas aleatórias tiram o foco e a sanidade metal que alguém precisa pra estudar mais de 8 horas por dia (o meu máximo foi 5:30 até agora).

Tenho um cronograma de aulas, um cronograma de horas de estudo e descanso planejados de domingo a domingo, livros baixados de física, química, biologia, matemática, geografia (online), reaproveitamento de material do ensino médio, cursinho específico de biologia, cadernos com linhas rosas irritantes, muitas canetas coloridas e uma boa dose de SIA pra cantar o dia inteiro pro vizinho ouvir. É claro que aquele cabelo chanel sem mechas gigantes de cabelo voando na sua cara também ajuda na concentração.



I'M GONNA SWING FROM THE CHANDELIER, FROM THE CHANDELIER.