Cada período de férias é uma descoberta.
Na última 1 h e 17 min de férias, estou pensando o quanto elas são boas - um período onde você pode ser, de certa forma, livre de qualquer responsabilidade e realizar seus projetos pessoais sem pressão alguma. Claro que é um paraíso, se você permitir que seja.
Essas são minhas últimas férias da escola. Tenho pensado - nos últimos 5 segundos - o que eu gostaria de lembrar dessa época que muito dizem maravilhosa e inesquecível. Sinceramente, não tenho uma visão tão otimista dos meus anos de escola.
Fui uma traíra, aprendi a andar sozinha, me fizeram de capacho, aprendi que eu faço coisas que as pessoas não pediram e depois quero cobrar - atitude estúpida da minha parte.
A creche começou cedo, mas tudo o que eu me lembro dessa época é das danças que a gente fazia, de ter mordido a cara de uma menina, de ter aprendido a odiar rosa e o apelido "Lari", tudo porque já estavam sendo usados pela garota que mordi - ela me pegava no colo e eu não gostava nada. Lembro da diretora bebendo um ovo de cordorna, de alguém segurando minha mão junto ao lápis para que eu pudesse escrever e de ter bebido do bebedouro sem copo porque vi alguém fazendo isso - fui dedurada.
Na Pedacinho de Amor e na Sonho Colorido eu comecei minha "vida de estudante" e até me vem à memória um menininho colocando uma pequena flor na minha bolsa quando eu estava longe - mas, bem na hora de guardar a cena para sempre, eu olhei. Saí, olhei a flor, que tinha menos de 1cm e chamei uma colega para fazer uma das minhas primeiras zoeiras - falar para ela vir ver a flor que tinham colocado na bolsa dela. Fizemos isso com uma outra garota e, por incrível que pareça, aquilo era divertidíssimo. Minha mãe preparou um aniversário na escola no qual eu própria não comi o bolo, por vergonha.
Lembro do meu primeiro dia na "escola de gente grande". Entrar sozinha na sala com minha mochilinha e esperar na sala vazia. Me toquei que eu deveria procurar alguém, saí lá fora e vi as crianças brincando, mas acho que não socializei muito. Eu devia ter meus 5 anos e estava no Pré I.
Minha professora costumava morder a gente, algo que eu odiava e, além do mais, doía. Entretanto, ainda me recordo do carinho que ela tinha conosco.
Tive um momento de insegurança por não saber o alfabeto ainda, enquanto a sala parecia saber. Recusei o primeiro pedaço do bolo de aniversário de um menino porque fiquei com vergonha, depois espalhei que não gostava de bolo (MENTIRA).
Minha memória me leva às sextas do brinquedo, dia também de cantar o hino - que nunca aprendi -, ensaios de apresentação de dança e eleições de representante de classe. Me toquei que nunca fui uma, a não ser quando esse cargo era representado de acordo com o número da chamada - o felizardo o preenchia somente por uma semana. As pessoas consolando uma criatura que estava triste porque sua melhor amiga não votou nela, mesmo ela tendo votado na amiga.
As classes com, quase sempre, a minoria de meninas, apesar das mulheres serem maioria no mundo.
Incentivei as lutas de papel higiênico dentro das cabines do banheiro (todas entram nas cabines e começam a jogar papel eufóricamente), fechei portas por dentro e depois passei por baixo delas, para que ficassem fechadas sem ninguém dentro. Brincadeiras de "gato-mia" dentro da sala e no anfiteatro, sem maldade, meu ciúmes com amigas e minha incapacidade de andar sozinha. Provas com pura decoreba - que me renderam um momento de palmas e ser tachada de nerd pela professora -, minha mania irritante de bater nas pessoas e a influência de falar palavrão exageradamente.
Apesar de ter sido sempre muito quieta, falava demais. Um dia combinei com uma amiga que ela fosse ao banheiro (fingindo um descontrolável e repentino escorrimento de nariz provocado por um espirro), para que eu fosse depois. Nos encontramos, conversamos e, quando abrimos a porta, estava a professora com a cara dela olhando para nós, como quem diz "AHÁ!".
Nunca tive muitas amigas, geralmente uma só, com quem eu andava pra todo canto.
No dia do Halloween, quando todos se vestiam diferente, houve boatos de que levar mochila era desnecessário. Fui de bruxinha, contente, com a câmera de filme emprestada da minha mãe. Quando cheguei, todos estavam com suas mochilas - só eu não. Felizmente, os cadernos ficavam na sala e peguei um lápis emprestado. As fotos, entretanto, ficaram horríveis e queimadas - mas ainda tenho algumas.
Na aula de inglês, fiz a lição correndo e toda errada - e ainda emprestei pra copiarem -, tudo pra ganhar figurinha da professora. Ela percebeu que copiaram e não deu minhas figurinhas - talvez venha daí minha aversão às aulas dessa matéria.
Constatei com tudo isso que vergonha te faz perder bolo, que esse negócio de representante de sala é útil como iniciação de responsabilidade somente se todos tiverem a chance pelo menos por uma semana, palavrão é feio, não me dou bem com câmera de filme e que, se um dia eu for professora, nunca vou elaborar um sistema onde só os inteligentes ganham figurinhas.
Isso aconteceu por volta dos meus 3 aos 8 anos, antes da terceira série, que fiz em escola pública. Me rendeu boas memórias que ainda vou escrever, mas agora tenho de dormir, porque só me restam dois minutos de férias. (Na verdade, agora -7min).
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