30 julho 2014

Retrospectiva alunar

Cada período de férias é uma descoberta.

Na última 1 h e 17 min de férias,  estou pensando o quanto elas são boas - um período onde você pode ser, de certa forma,  livre de qualquer responsabilidade e realizar seus projetos pessoais sem pressão alguma. Claro que é um paraíso,  se você permitir que seja.

Essas são minhas últimas férias da escola. Tenho pensado - nos últimos 5 segundos - o que eu gostaria de lembrar dessa época que muito dizem maravilhosa e inesquecível.  Sinceramente,  não tenho uma visão tão otimista dos meus anos de escola.

Fui uma traíra, aprendi a andar sozinha, me fizeram de capacho, aprendi que eu faço coisas que as pessoas não pediram e depois quero cobrar - atitude estúpida da minha parte.

A creche começou cedo, mas tudo o que eu me lembro dessa época é das danças que a gente fazia,  de ter mordido a cara de uma menina, de ter aprendido a odiar rosa e o apelido "Lari", tudo porque já estavam sendo usados pela garota que mordi - ela me pegava no colo e eu não gostava nada. Lembro da diretora bebendo um ovo de cordorna, de alguém segurando minha mão junto ao lápis para que eu pudesse escrever e de ter bebido do bebedouro sem copo porque vi alguém fazendo isso - fui dedurada.
Na Pedacinho de Amor e na Sonho Colorido eu comecei minha "vida de estudante" e até me vem à memória um menininho colocando uma pequena flor na minha bolsa quando eu estava longe - mas,  bem na hora de guardar a cena para sempre, eu olhei. Saí, olhei a flor, que tinha menos de 1cm e chamei uma colega para fazer uma das minhas primeiras zoeiras - falar para ela vir ver a flor que tinham colocado na bolsa dela. Fizemos isso com uma outra garota e, por incrível que pareça,  aquilo era divertidíssimo. Minha mãe preparou um aniversário na escola no qual eu própria não comi o bolo, por vergonha.

Lembro do meu primeiro dia na "escola de gente grande". Entrar sozinha na sala com minha mochilinha e esperar na sala vazia. Me toquei que eu deveria procurar alguém, saí lá fora e vi as crianças brincando,  mas acho que não socializei muito.  Eu devia ter meus 5 anos e estava no Pré I.
Minha professora costumava morder a gente,  algo que eu odiava e, além do mais, doía. Entretanto,  ainda me recordo do carinho que ela tinha conosco.
Tive um momento de insegurança por não saber o alfabeto ainda, enquanto a sala parecia saber. Recusei o primeiro pedaço do bolo de aniversário de um menino porque fiquei com vergonha, depois espalhei que não gostava de bolo (MENTIRA).

Minha memória me leva às sextas do brinquedo, dia também de cantar o hino - que nunca aprendi -, ensaios de apresentação de dança e eleições de representante de classe. Me toquei que nunca fui uma, a não ser quando esse cargo era representado de acordo com o número da chamada -  o felizardo o preenchia somente por uma semana. As pessoas consolando uma criatura que estava triste porque sua melhor amiga não votou nela, mesmo ela tendo votado na amiga.
As classes com, quase sempre,  a minoria de meninas, apesar das mulheres serem maioria no mundo.

Incentivei as lutas de papel higiênico dentro das cabines do banheiro (todas entram nas cabines e começam a jogar papel eufóricamente), fechei portas por dentro e depois passei por baixo delas, para que ficassem fechadas sem ninguém dentro. Brincadeiras de "gato-mia" dentro da sala e no anfiteatro,  sem maldade, meu ciúmes com amigas e minha incapacidade de andar sozinha. Provas com pura decoreba - que me renderam um momento de palmas e ser tachada de nerd pela professora -, minha mania irritante de bater nas pessoas e a influência de falar palavrão exageradamente.

Apesar de ter sido sempre muito quieta,  falava demais. Um dia combinei com uma amiga que ela fosse ao banheiro (fingindo um descontrolável e repentino escorrimento de nariz provocado por um espirro), para que eu fosse depois. Nos encontramos,  conversamos e, quando abrimos a porta, estava a professora com a cara dela olhando para nós, como quem diz "AHÁ!".
Nunca tive muitas amigas, geralmente uma só, com quem eu andava pra todo canto.

No dia do Halloween, quando todos se vestiam diferente, houve boatos de que levar mochila era desnecessário.  Fui de bruxinha, contente,  com a câmera de filme emprestada da minha mãe. Quando cheguei,  todos estavam com suas mochilas - só eu não. Felizmente,  os cadernos ficavam na sala e peguei um lápis emprestado. As fotos, entretanto,  ficaram horríveis e queimadas - mas ainda tenho algumas.

Na aula de inglês,  fiz a lição correndo e toda errada - e ainda emprestei pra copiarem -, tudo pra ganhar figurinha da professora.  Ela percebeu que copiaram e não deu minhas figurinhas - talvez venha daí minha aversão às aulas dessa matéria.

Constatei com tudo isso que vergonha te faz perder bolo,  que esse negócio de representante de sala é útil como iniciação de responsabilidade somente se todos tiverem a chance pelo menos por uma semana, palavrão é feio, não me dou bem com câmera de filme e que, se um dia eu for professora, nunca vou elaborar um sistema onde só os inteligentes ganham figurinhas.

Isso aconteceu por volta dos meus 3 aos 8 anos, antes da terceira série,  que fiz em escola pública. Me rendeu boas memórias que ainda vou escrever,  mas agora tenho de dormir, porque só me restam dois minutos de férias. (Na verdade,  agora -7min).



26 julho 2014

é tão bom

Sinto o tempo escorrer depressa e o futuro chegar cada vez mais rápido.  Tento organizar meus pensamentos o mais depressa possível, tudo pra poder impedir isso. Parece impossível retardar esse movimento.

Algo parecido com nostalgia, saudade. Mas como posso sentir saudades de algo que está acontecendo? Talvez somente seja algo parecido. É como se eu soubesse que tudo o que tenho vai acabar, junto ao medo disso acontecer. Viver com medo, no escuro.

Talvez seja culpa, mágoa,  inconformidade. Consequência da mudança,  da etapa que é finalmente perceber que existem pontos na sua vida e na vida das pessoas que você gostaria desesperadamente de mudar, mas não pode - seu pé está sendo segurado por uma corrente enferrujada presa a uma enorme rocha medamórfica (risos em meio à maré).

Muitos talvezes e poucas certezas.

Estar preso em uma realidade na qual seu cérebro insiste em achar n motivos para que você continue nela ou ultrapassar a linha da zona que te cerca? Se locomover pelo amor ou pela dor? Essas e mais respostas sexta, no Glóbulo Repórter

Não era para ser um questionamento sobre a capacidade de ação, mas acabou que foi. Talvez Freud possa explicar.

21 julho 2014

"⊙"

Sabe quando você se sente só na calada da noite e teme dormir porque a manhã vai ser fria e a solidão vai parecer mais intensa e menos aconchegante?

É o que eu sinto agora. E estou evitando assuntos ruins para me lembrar só dos bons - mas ainda não tenho certeza se isso deveria ser feito.

A propósito,  não tenho noção de tempo.

Pode parecer - e ser - completamente egoísta ter um blog onde tudo o que eu posto tem cem por cento a ver com a vida que eu, em particular,  vivo. Entretanto, esse espaço ajuda a suprir o aparente medo ou transtorno que sofro de não conseguir manter uma conversa monopolista.

Quem aguenta me ouvir falar sobre um milhão de links e notícias interessantes (conceito relativo) do último fim de semana? Dos fatos sobre o modo de educação Chinês,  Finlandês ou simplesmente do sistema educacional do nosso próprio país?

Pode parecer uma carência profunda de atenção, mas tantas vezes peguei pessoas simplesmente olhando pro outro lado enquanto eu falava de modo empolgado. E quando eu parei progressivamente de falar, nem notaram. Mas eu ouvia.

Ninguém me pediu para ouvir, não é?

Um dos maiores arrependimentos das pessoas prestes a morrer é a mágoa de ter feito algo por alguém e não ter esse esforço retribuído - considerando que foi um movimento não solicitado.

Devo levar mais a sério o conceito de dar sem esperar receber nada em troca. E ter mais autoconfiança também.

"⊙"
THE WORLD IS QUIET HERE.

19 julho 2014

Entrei em colapso.

Talvez meu cérebro já tenha percebido que só faltam 10 dias pro final do meu descanso sagrado e tenha voltado a me pregar peças. Talvez ele ainda não tenha entendi do que é nesse momento que mais preciso de sanidade.

Tentei falar algumas palavras em irlandês - três, para ser mais exata - e fazendo tentativas de adestramento de cães utilizando cães rebeldes, além de provar algo delicioso que por acaso resolveram chamar de brownie. Ainda não me arrependo de nada que fiz nas férias, embora esteja cada vez andando em direção ao muro.


16 julho 2014

Não se esquecer de si

As férias são reveladoras. Você descobre um milhão de links, músicas e, principalmente, se descobre.

Apesar de meus estudos estarem bastante procrastinados, eu não me arrependo de nada que fiz nas férias - pelo menos até agora. Mesmo com um corte na mão feito pela torneira quebrada da cozinha e sem conversar com ninguém além do meu pai e minhas cachorras - esporadicamente com a comunidade internética acolhedora e minha mãe no Whats app -  sinto que as férias têm valido a pena.

Sinto cada vez mais estalos.

Tenho também feito algo estranho - EXERCÍCIOS! A dor do exercício - a fermentação, na verdade - é, apesar de parecer masoquismo, agradável. É como o lema "AMAR E RESPEITAR, ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE" - com relação ao corpo e espírito, claro.

Café está sendo especialmente delicioso esses dias, acompanhado, é claro, da insônia. Mas sempre há o que fazer - como ler 1808 e escrever SMS para as pessoas sobre fatos interessantes no livro que eu não tenho de forma física, assistir vídeos de potenciais humoristas e beber água e suco de laranja.

Minha rotina tem sido bastante leite com pêra. Não é algo que eu me orgulhe ou que eu possa reclamar, mas tenho de aproveitar para arranjar, o mais rápido possível, maneiras de me manter sã em meio ao mundo lá fora.

A solidão - no melhor sentido da palavra (algo que lembre independência ou qualquer coisa assim) - ainda tem sua face em medo, mas está caminhando.

https://www.youtube.com/watch?v=7-7knsP2n5w (Para a posteridade)

Boa madrugada

09 julho 2014

I'm back ( ͡° ͜ʖ ͡°)

Por algum motivo achei que essa frase combinaria com esse emoticon.

Eu odeio shoppings. Se você me perguntar o que eu odeio eu responderei shoppings, porque eu odeio shoppings. O primeiro ponto neles é que não existe nada que você possa fazer (além de usar os banheiros ou andar dentro dele) sem gastar dinheiro - extrema prioridade aos que possuem pedaços exclusivos de papel colorido. O segundo é que temos barulho demais. O terceiro é porque é um shopping.

Minha preguiça continua no poder acho que será necessário um golpe de estado por parte da minha coragem. O Brasil todo se considera de férias em meio aos jogos da Copa do Mundo e do hiato de julho, mas eu me culpo bastante por não estar nas atividades que eu gostaria de estar. O assunto do momento é: A HUMILHAÇÃO DE 7X1. Eu realmente não ligo.

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http://es.freerice.com/

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Ps. Estou pirando com a IBO em Bali.

01 julho 2014

Libertas

Andar pelo centro de São Paulo é bem libertador.

Apesar do cheiro de cigarro que ronda por alguns segundos de asfixia, o Centro de São Paulo - principalmente os metrôs - me fazem ver pessoas de todos os tipos e me sentir parte de uma capital.

Nos últimos dias tenho passeado bastante de metrô e ônibus, passado o Bilhete Único com estilo e feito meu RG com letra feia. Isso me deixa bem e me acostuma ao mesmo tempo.

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Odeio quando as coisas se tornam comuns no meu cérebro. Parece que elas perdem a importância, quando não é verdade.

Hoje fui ao centro de novo pegar meu RG. A letra saiu como se eu estivesse a meses sem escrever - o que não é verdade, foi só uma semana - e a foto nem tão feia, o que é uma grande vitória, levando em conta meu histórico de fotos 3x4.
Apesar de ter quebrado uma das minhas carteirinhas de raiva de uma das minhas fotos um ano ai, eu suspeito que tenha quase todas guardadas em uma caixa. Acho que vão me dar boas risadas ou pelo menos uma lembrança do que fui, se não uma prova de como eu costumava ser.

Estou procrastinadora, não escrevo há dias mas estou bem tranquila e feliz. Arrumando meu quarto, doando coisas e mudando outras de lugar. Sem pressão, quando tudo terminar eu vou voltar à tona.

In omnia paratus.