Dois dias de sardinha no transporte público de São Paulo pra quem nunca experimentou diretamente esse sufoco.
No primeiro dia, saímos com toda a coragem do mundo em busca de um lugar desconhecido chamado UNIP do meio do nada. Ônibus, trem, metrô, aquela caminhada e no fim chegamos à muvuca, ao som de batidas animadas e vários mini estandes do cursinho Poliedro, Objetivo e Integrado e seus respectivos entregadores de folhetos, bem como os entregadores de folhetos da UNIP, é claro.
No primeiro dia meu lema foi: SIGA O FLUXO. Foi o que eu fiz: entrei naquele prédio gigante no meio das pessoas mais velhas ou mais altas ou os dois (boatos que eram oito mil delas) e caminhei rumo ao destino incerto. Por prevenção, tento não usar elevadores de prédios desconhecidos - porque né -, o que me fez subir três lances de escadas (nunca sozinha ali, era impossível estar só em qualquer canto daquele lugar).
Chegando à sala, minha confusão com aqueles saquinhos de cola superpoderosa começou e eu me perdi com as carteiras, mas logo consegui encontrar a certa, com meu nome e o curso escolhido, pronta para ser usada. Aquelas pessoas mal comiam e a maioria iria prestar pra medicina, o que contribuiu para meu sentimento de falta de conhecimento ao corrigir a prova no fim do dia, depois de ter voltado pelo metrô, trem e ônibus e no fim pegado correndo uma simpática chuva com mamãe me acompanhando (e pegando réguas grátis e panfletos da UNIP comigo).
No segundo dia, tudo ocorreu quase da mesma forma - dessa vez consegui arrancar um sorrisinho da fiscal da sala. Deixei muita coisa em branco (qualquer questão que não fosse biologia) e enrolei bastante na prova discursiva (linhas e linhas, parecia uma redação). Quando saí, trinta minutos antes do gongo final, o celular estava sem sinal e eu fiquei com a mesma cara de besta do dia anterior tentando achar minha mãe no meio da multidão de "alunos da UNIP". Em meio a chuva, nós corremos e corremos pra encontrar uma estação de trem sem luz (o que parou o relógio e nos deu uma passagem de graça) e assustadoramente lotada.
Dois trens se passaram até que nós conseguíssemos ir embora, apostei corrida com escada X escada rolante e minha mãe usou sua simpatia pra fazer o motorista abrir a porta pra nós entrarmos. Um repentista cantou no ônibus (muito bem por sinal, gostei, gostei) e agora estou aqui, alimentada, um pouco cansada, mas com muitos planos pro resto dos dias de um ano que quase já acabou mas que ainda considero pakas.
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