25 dezembro 2014

Christmas

O dia natalino chega.

A dinâmica das vésperas de Natal é bem divertida: as pessoas acordam vão para a casa dos outros ou esperam pessoas chegarem,  alguns começam a cozinhar logo de manhã e quem não cozinha bate papo e passa tempo.  Muitas vezes as pessoas acordam bem tarde e o almoço vira pão com manteiga.
Os cachorros se assustam com os fogos, a comida muitas vezes é deliciosa.

Como muitas vezes, o Natal desse ano está em plena atividade e eu estou deitada na cama do lado da Lola, que tem medo dos fogos. Mamãe foi dormir mais cedo e papai ficou até onze e mteia comigo assistindo vídeos de culinária.

Queria poder assistir aos natais ao redor do mundo.

Sempre bate um sentimento nessa época,  algo como uma insatisfação pessoal. Uma decepção por não ter feito tudo o que deveria e a sensação de que tudo acaba. É realmente um clima de despedidas que contamina todo o seu ser e é em parte por isso o ruim das festividades de fim de ano.

Queria ter feito mais pessoas felizes. Não quero repetir os erros dos outros e muito menos os meus próprios.


12 dezembro 2014

Virei sardinha

Dois dias de sardinha no transporte público de São Paulo pra quem nunca experimentou diretamente esse sufoco.

No primeiro dia, saímos com toda a coragem do mundo em busca de um lugar desconhecido chamado UNIP do meio do nada. Ônibus, trem, metrô, aquela caminhada e no fim chegamos à muvuca, ao som de batidas animadas e vários mini estandes do cursinho Poliedro, Objetivo e Integrado e seus respectivos entregadores de folhetos, bem como os entregadores de folhetos da UNIP, é claro.

No primeiro dia meu lema foi: SIGA O FLUXO. Foi o que eu fiz: entrei naquele prédio gigante no meio das pessoas mais velhas ou mais altas ou os dois (boatos que eram oito mil delas) e caminhei rumo ao destino incerto. Por prevenção, tento não usar elevadores de prédios desconhecidos - porque né -, o que me fez subir três lances de escadas (nunca sozinha ali, era impossível estar só em qualquer canto daquele lugar).

Chegando à sala, minha confusão com aqueles saquinhos de cola superpoderosa começou e eu me perdi com as carteiras, mas logo consegui encontrar a certa, com meu nome e o curso escolhido, pronta para ser usada. Aquelas pessoas mal comiam e a maioria iria prestar pra medicina, o que contribuiu para meu sentimento de falta de conhecimento ao corrigir a prova no fim do dia, depois de ter voltado pelo metrô, trem e ônibus e no fim pegado correndo uma simpática chuva com mamãe me acompanhando (e pegando réguas grátis e panfletos da UNIP comigo).

No segundo dia, tudo ocorreu quase da mesma forma - dessa vez consegui arrancar um sorrisinho da fiscal da sala. Deixei muita coisa em branco (qualquer questão que não fosse biologia) e enrolei bastante na prova discursiva (linhas e linhas, parecia uma redação). Quando saí, trinta minutos antes do gongo final, o celular estava sem sinal e eu fiquei com a mesma cara de besta do dia anterior tentando achar minha mãe no meio da multidão de "alunos da UNIP". Em meio a chuva, nós corremos e corremos pra encontrar uma estação de trem sem luz (o que parou o relógio e nos deu uma passagem de graça) e assustadoramente lotada.

Dois trens se passaram até que nós conseguíssemos ir embora, apostei corrida com escada X escada rolante e minha mãe usou sua simpatia pra fazer o motorista abrir a porta pra nós entrarmos. Um repentista cantou no ônibus (muito bem por sinal, gostei, gostei) e agora estou aqui, alimentada, um pouco cansada, mas com muitos planos pro resto dos dias de um ano que quase já acabou mas que ainda considero pakas.

04 dezembro 2014

The start

Hoje foi o último dia de aula.

Apesar de estar meio cansada, pensei que escrever aqui seria a melhor coisa a se fazer - provavelmente a formatura já acabou e algumas pessoas foram comer em algum lugar. Fui pra escola de perua pela última vez, sentei naqueles bancos pela última vez, falei com o motorista, com a bibliotecária, com o professor de redação. Almocei na escola uma última vez, fiz uma prova lá pela última vez, falei com o porteiro, com a monitora, com a secretária pela última vez. Claro que a gente não da muita atenção pra isso quando é rotina, mas passa a prestar atenção quando sabe que a rotina vai se prolongar por apenas uma única última vez.

Pensando na íntegra, esse foi um dos anos mais sem graça - sala dispersa, bagunçada, professores meio distantes, cansaço. Apesar de tudo, até coisas que incomodam acabam por deixar um resquício de saudades, uma vez que foi uma parte da vida que representaram e te fizeram chegar ao que é hoje.

Vou sentir saudades de passar alguns minutos na perua, sem compromissos, sem obrigações; só por aqueles 40 minutos olhar o sol nascer e observar o céu. Sentirei saudades da biblioteca sempre com jornais do dia e as mesinhas com cadeiras. Sentirei saudades dos professores, das histórias de vida, de suas lições de moral e vida, conselhos, esporros. Sentirei falta de estar em um lugar seguro, de ter tanta gente se preocupando com meu futuro e até de uma das únicas portas do banheiro com tranca.

Vou lembrar dessa época e gostaria que fosse desse jeito - sem ressentimentos, sem mágoas, sem rancores; apenas o melhor de um período nobre.

01 dezembro 2014

Respire

A rinite achou meu nariz.

Estou na época da maratona de provas - pulei a de festas de quinze, só pra constar -, sendo que ao todo elas vão contar cinco; dois dias do ENEM (105/180), um dia da FUVEST (44/90), dois dias de prova de bolsa em cursinhos e dois dias da UNIFESP.

Ontem fui fazer a FUVEST com três dias de nariz congestionado,  pingando como uma goteira, olhos ardendo e aquela sensação de quem passa a noite dormindo em um ônibus de viagem. Peguei a comida de sempre - água e água de coco congeladas,  club social integral, frutas e barrinhas de cereal, sem contar umas balinhas - e sai de casa rumo ao desconhecido, já colocando em mente que não iria saber fazer muita coisa.

Cheguei lá e, bombardeada por pessoas entregando panfletos, segui o fluxo de pessoas e acabei achando, milagrosamente,  a minha sala. A mulher que me recebeu pareceu entender que minha falta de orientação era de nervosismo e me colocou na fileira quatro, na quinta carteira.

Tão cansada que via pessoas conhecidas por todos os lados - e algumas eram realmente conhecidas -, derrubei muitas coisas e me atrapalhei muito arrumando as coisas em baixo da carteira.  A maioria das pessoas lá eram mais velhas e o ventilador secava meus olhos, fazendo eles arderem ainda mais.

Resumindo a prova: estava como deveria estar. Bem difícil,  chutei muito na parte de exatas, no meio da prova queria sair correndo de tanta rinite e quase fui desclassificada por estar com um celular ligado na mão no meio do prédio da FMU.

Saindo de lá, fui assistir A Esperança - Parte I. Do meu lado, um cara chato que comentava o filme em voz alta, o pessoal que ria de um filme que não era de comédia e muitos,  muitos casais naquela sala de cinema. Estou cantando a música da Katniss até agora.

E pra complementar a vida,  o maior número de coisas estúpidas que um ser humano pode fazer em um curto período de tempo: rondei 5 pias atrás de água e sabonete, fazendo uma mulher ficar com dó de mim e tentar me ensinar a usar uma torneira,  além de pisar em um rodo e fazer ele bater na minha cara.

Fechando a noite com um jantar natural, experimentei queijo gorgonzola pela primeira vez,  vi o cozinheiro flambar nossa comida e pensei que eles deviam colocar a cozinha mais a vista do que o balcão. Sinceramente,  acho que gorgonzola não é a melhor coisa que se pode fazer com um queijo.

Hoje, mamãe quis me levar pra almoçar no shopping e eu fiquei realmente feliz de não ser MC Donalds. Esfihas, sprite e depois um bolo retangular em casa.

Eu sei que estou sem prática de detalhar coisas e escrever,  mas agora já é um pouco tarde. Foram os dois dias mais agitados da minha vida (acho que não tem muito exagero nisso) e o saldo final é: não nasci pra viver em cidade grande, não gosto de gorgonzola, as pessoas não tem consciência de quem você é e por isso sempre vão usar sua aparência como parâmetro de julgamento,  não me sinto especial no meu aniversário e eu provavelmente não teria rinite se morasse mais perto da natureza.

Ah, o Habib's não dá ketchup.