Será que as pessoas também sentem quando a tecnologia as sufoca?
Vamos pensar: antes do ano de 2005, eu provavelmente só conhecia um celular preto tijolo e um bipe quebrado, além da clássica televisão. As diversões eram entrar na casa da minha avó sem quem ela percebesse e fingindo ser uma espiã, ser café-com-leite no pega ladrão, pular amarelinha e corda, brincar de chef de cozinha/garçonete/professora, dar banho em Barbies e guardar toda sorte de material que pras pessoas poderia parecer lixo, mas poderia virar... qualquer coisa.
Quando o computador chegou, claro, nada era mais interessante do que uma infinidade de botões pra se apertar, sem saber o que iria acontecer ao pressionar um deles. E alguns segundos site do Cartoon Network deram lugar a algumas horas nos sábados e domingos e então várias horas a qualquer momento da semana. Passar 12 horas com os olhos vidrados valia a pena acordar às 6h da manhã. E porque lá era o único lugar onde parecia haver ação e empolgação em meio a um barco de vento no vácuo. Dias incompreensíveis.
Ter passado mais tempo consciente em uma máquina do que na realidade é realmente assustador, como suprir as próprias carências com horas de virtualidade, onde é possível inventar a própria história.
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